Alguns clubes nacionais que vão disputar o Moçambola 2020 dizem que arranque tardio da época compromete a sua funcionalidade financeira, tendo em conta que devem fazer esforços para continuar a pagar salários dos jogadores. Costa do Sol e Ferroviário de Maputo estão numa fase de reabilitação das suas infra-estruturas antes do início das competições.
A situação do Coronavírus continua a trazer dessabores ao futebol moçambicano. Sem competições, os clubes já se ressentem das dificuldades financeiras e consideram que toda estrutura funcional começa a ficar comprometida, até porque o início do Moçambola é ainda uma incógnita, em face do que a pandemia continua a fazer no país.
Costa do Sol, Ferroviário de Maputo e Textáfrica do Chimoio, três clubes que vão disputar o Moçambola, mostram-se cépticos quanto ao arranque do campeonato nacional de futebol e consideram que indecisão prejudica as suas actividades.
Jeremias da Costa, presidente do Costa do Sol, diz a situação é fácil e que a sua direcção está a “fazer contas à vida” e a torcer para que a situação melhore o mais rápido possível. “Nós somos positivos e fazemos fé para que a partir de 15 de Junho a gente possa retomar os trabalhos”, disse da Costa.
Já o presidente do Ferroviário de Maputo, Ângelo Jerónimo, diz que o que pode se fazer neste momento é se esperar pelo curso dos acontecimentos e que “melhor definição será dada na hora certa” para que o arranque seja efectivo.
Por seu turno, Quinito Todo Jr., presidente do Textáfrica do Chimoio, prefere rezar para que a situação possa ser ultrapassada. Quinito todo diz mesmo que “o futebol é o ópio do povo e quando não há desporto tudo fica parado” e por isso há necessidade de se cumprir todas medidas de prevenção para que a situação possa ser ultrapassada.
Os três clubes assumem que esta indefinição vai ainda prejudicar as suas finanças, tendo em conta que terão que pagar atletas sem que estejam a competir. Ângelo Jerónimo que a estratégia da sua colectividade foi de procurar manter os contratos dos atletas, em número de quase dois mil, para todas modalidades que o clube movimenta.
“Fizemos o esforço possível de manter os contratos, de modo que logo que seja reaberta a actividade desportiva termos os atletas a mão e já a trabalharem”, reiterando que não foi fácil negociar esta continuidade de pagamento de salários, com a empresa integradora.
Pelo lado dos “canarinhos”, a situação é um pouco diferente, uma vez que a colectividade “sobrevive” graças ao apoio dos parceiros, mas Jeremias da Costa não garante que o pagamento de salários possa continuar por mais tempo, caso a actividade desportiva não regresse o mais rápido possível, uma vez que a bilheteria e os activos do clube, casos de camisetes, bonés e outros materiais com símbolo do clube, não são adquiridos, o que faz com que as receitas sejam diminutas.
“Vamos depender de até onde vão os nossos parceiros, ou seja, se os parceiros estiverem disponíveis a nos apoiarem até Dezembro, vamos continuar a pagar, caso não, vamos ver o que acontece”, disse o presidente dos “canarinhos”, mostrando-se confiante que a situação passe o mais rápido possível.
Já o primeiro campeão nacional de futebol no pós-independência, o Textáfrica do Chimoio, não se fica atrás e também ressente-se de dificuldades financeiras para pagar o salário dos atletas. O seu presidente, Quinito Todo diz haver incertezas em relação a continuidade de pagamento de salários, uma vez que não tem apoios e apela a todo empresariado de Manica e o governo local para que apoie a equipa a ultrapassar esta fase menos boa, por falta de jogos, que minimizariam as finanças, tendo em conta que a bilheteira é uma das fontes do clube.
“Canarinhos” e “locomotivas” olham para infraestruturas desportivas
O Costa do Sol está numa fase de reabilitação do seu campo, com a melhoria de iluminação, mudança da relva sintéctica pela natural, bem como cobertura do seu pavilhão. Ainda assim, Jeremias da Costa diz que o processo é longo e sinuoso “dadas as dificuldades financeiras”.
“Neste momento a prioridade é a iluminação do campo, a substituição do relvado sintéctico e a colocação de um piso com relva natural até nos espaços adjacentes ao campo”, esclareceu da Costa que disse que o orçamento para estes trabalhos todos não é pouco para o orçamento do clube, com destaque para a substituição do relvado sintéctico pelo natural, que está orçado em cerca de 100 a 120 mil dólares.
Mas não é somente o campo de futebol que está na orbita dos “canarinhos”. A Arena do Matchiki Txiki é outra infraestrutura que está no horizonte para ser concluído. “Neste momento estamos a envidar todos os esforços no sentido de encontramos um parceiro para financiar a cobertura do nosso pavilhão”, disse Jeremias da Costa.
Já o Ferroviário de Maputo está ainda numa fase de avaliação do orçamento para as melhorias recomendadas pela CAF para que o Estádio da Machava acolha jogos internacionais.
Jerónimo esclareceu que a demora no início dos trabalhos deveu-se a falta de clareza nas recomendações da CAF, onde estava tudo subjectivo e só depois do esclarecimento da Federação Moçambicana de Futebol é que foi possível iniciar com o processo. “Neste momento estamos a seguir ao detalhe o levantamento de necessidades, que é para poder definir o que se deve fazer, quanto custa e quando se deve fazer a obra”, disse Ângelo Jerónimo, presidente dos “locomotivas” da capital do país.
O Moçambola 2020 ainda não tem data para o seu arranque e a Liga Moçambicana de Futebol já pensa num cenário pessimista de não realização da prova, caso a situação da COVID-19 perdure por mais tempo no país.