O País – A verdade como notícia

Arranca hoje julgamento do “caso Inês Bota” em Sofala

Cerca de três anos e meio após dois jovens terem sido detidos, acusados pelo Ministério Público de raptar e assassinar a então directora financeira da empresa FERPINTA, Inês Bota, o caso foi levado, esta terça-feira, ao julgamento.

Os réus, que fazem parte de um grupo de três indivíduos, um deles a monte, confessaram, perante o colectivo de juízes da sexta secção do Tribunal Judicial de Sofala, o seu envolvimento na morte da vítima, com o intuito de roubar dinheiro.

Um deles assumiu, parcialmente, o crime e outro, na totalidade. Entretanto, suspeita-se que tudo foi orquestrado pelo preparador físico da vítima, que fugiu da cadeia em Agosto de 2018, na companhia de outros 17 reclusos.

Os arguidos declaram que o preparador físico os convidou a assaltarem a vítima, no final de uma das sessões de treinos, no dia 28 de Dezembro de 2017. Para materializar o assalto, pediram-lhe boleia, no bairro de Macúti, para, alegadamente, se dirigirem a um ponto onde, supostamente, iam socorrer um amigo que estava com a viatura avariada, no bairro dos pioneiros, na cidade da Beira.

Pelo caminho, pediram à directora financeira para fazer um desvio próximo do cemitério Santa Isabel, uma rua pouco iluminada e um deles tirou uma pistola de brinquedo, apontou à vítima e anunciou o assalto. Com recurso a uma fita-cola, amarraram os braços e pés da vítima e obrigaram-na a entregar-lhes todos os seus cartões bancários, com os respectivos códigos, bem como os telemóveis.

Um dos assaltantes assumiu o comando da viatura e ela passou para o banco traseiro. De seguida, foram ao bairro da Manga, passando, primeiro, por uma ATM na qual movimentaram uma das contas da vítima.

Quando se aperceberam de que o seu carro tinha um sistema de segurança, retornaram ao centro da cidade, tirando, antes, o timbre da empresa. Depois, abandonaram a viatura próximo a um hotel e obrigaram-na a entrar no veículo dos pais de um dos arguidos, improvisada para o efeito.

Na altura, o preparador físico alegou que a única forma de se verem livres do crime era assassinar a vítima, uma ideia que foi aprovada pelos assaltantes e seguiram para fora da cidade à procura de um local para a consumação do acto.

Os dois arguidos contaram ainda que seguiram até à ponte sobre o rio Púnguè, há cerca de 70 quilómetros da cidade da Beira, tendo, durante o percurso, o preparador físico tentado matar Inês Bota, apertando o seu pescoço, mas a vítima sobreviveu e a solução encontrada pelos três foi atar os braços e as pernas e atirá-la, ainda em vida, para o rio, já na madrugada do dia 29.

Confessaram ainda que regressaram à cidade e, na manhã do mesmo dia, foram movimentar as outras contas da finada e dividiram seis mil meticais para cada um.

Eles viriam a ser detidos ainda no dia 29 de Dezembro de 2017, quando a empresa contactou as autoridades para anunciar o desaparecimento da sua directora financeira.

O SERNIC iniciou as diligências que culminaram, primeiro, com a detenção do preparador físico e, depois, dos outros dois réus, actualmente em julgamento.

O preparador físico, por sinal o mais novo do grupo, com apenas 21 anos na data dos crimes, contra 22 e 24 dos outros, está a ser julgado à revelia.

No final da sessão desta terça-feira, o Ministério Público sugeriu uma pena máxima para os supostos assassinos confessos, apesar dos apelos contrários dos advogados de defesa. A leitura da sentença foi marcada para o dia 6 de Maio.

Partilhe

RELACIONADAS

+ LIDAS

Siga nos