O poeta Armando Artur foi laureado com o Prémio Literário José Craveirinha de Literatura 2020. A cerimónia da consagração realizou-se esta quarta-feira, na Cidade de Maputo.
Do poeta as palavras quase fugiram. Depois de receber o cheque gigante na ordem de 25 mil dólares (mais ou menos um milhão e quatrocentos mil meticais) e algumas lembranças, Armando Artur foi convidado a dizer algumas palavras no pódio. Primeiro, o poeta cumpriu o protocolo. Cumprimentou os convidados acomodados na primeira fila e os confrades em geral. A seguir, falando pausadamente, como se escrevesse um poema, confessou estar, naturalmente, muito feliz por receber o Prémio Literário José Craveirinha 2020. “Tenho cá comigo que os prémios vêm, de certo modo, marcar a trajectória ou a obra de um escritor, mas também julgo que nenhum prémio faz um grande ou pequeno escritor. Ou se é ou não se é”.
Ainda no pódio, falando ao auditório que soube cumprir as regras de distanciamento enquanto a cerimónia decorria, o poeta lembrou que pelo mundo fora há grandes escritores que nunca ganharam sequer um único prémio, mas não deixam de marcar a sua presença na história literária da humanidade. “É verdade também que nunca é demais um prémio literário. Quanto mais não seja para responsabilizar o autor que sou. Realmente, é uma grande responsabilidade. Isto impele-me a continuar a trabalhar para a literatura, para as artes e para a cultura moçambicanas. Por isso mesmo, sinto um grande peso sobre mim, nesta vertente de continuar a trabalhar”, até porque, realçou o poeta: “o meu compromisso é para com a literatura moçambicana. O meu compromisso sagrado foi sempre para com a literatura moçambicana”.
No Hotel Glória, Cidade de Maputo, o anúncio do autor laureado foi feito pela professora universitária Teresa Manjate, na qualidade de presidente do júri. A académica leu a acta que reflecte os encontros e a decisão unânime de todos os membros do júri, nomeadamente, Adelino Timóteo, Ungulani Ba Khosa, José Castiano e Manuel Tomé (em representação da HCB). Assim, no segundo e último encontro, o júri deliberou consagrar Armando Artur com o Prémio Literário José Craveirinha 2020. Na fundamentação, o júri destacou os 10 livros de Armando Artur publicados entre 1986 e 2019 e o facto de possuir obra traduzida para línguas como inglês, francês, sueco e árabe. Por fim, na acta o júri afirma ainda que Armando Artur propõe-se, do ponto de vista estético, a reinventar o ser por via da linguagem e instaura uma forma própria de escrever poesia.
Na cerimónia da consagração de Armando Artur esteve a Ministra da Cultura e Turismo. Eldevina Materula elogiou os esforços da Hidroeléctrica de Cahora Bassa em manter o prémio e felicitou o laureado. “Gostaria de endereçar as minhas felicitações e encorajar a prosseguir com abnegação no processo de promoção do património literário. Agora tem responsabilidades acrescidas. Passa a ser uma pessoa que deve inspirar os mais novos. Por isso, muitos parabéns, felicidades e votos de continuação desta excelente carreira que muito orgulha o povo e o Governo moçambicano”. Afirmação mesmo a condizer com as palavras do Secretário-Geral da Associação dos Escritores Moçambicanos (AEMO), Carlos Paradona, que, minutos antes, disse que o Prémio Literário José Craveirinha representa o orgulho dos moçambicanos por ser o maior galardão do país que distingue o conjunto da obra dos criadores literários.