A Comissão Parlamentar de Inquérito diz não haver qualquer evidência de um deputado da Zambézia traficante de drogas. Entretanto, a equipa de investigação constatou que a província é propensa ao crime organizado. Na sessão plenária de ontem, a Assembleia da República apreciou o relatório da comissão à porta-fechada.
É das poucas vezes que o Parlamento se fecha à comunicação social e aos demais convidados numa sessão plenária, entretanto, num assunto que a todos diz respeito: suspeitas de envolvimento de um representante do povo no tráfico de drogas.
No entanto, “O País” teve acesso ao relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito. Os deputados que estiveram a investigar o caso concluíram que não há evidência nem informação credível, oficial e processual sobre o envolvimento de um deputado no tráfico de drogas em Macuse, na Zambézia.
Mas o documento arrola fragilidades da província que propiciam ao crime organizado, em particular o narcotráfico.
“A província da Zambézia tem 444 km de costa, entretanto o INAMAR não dispõe de meios de patrulhamento e fiscalização marítima; notável exiguidade de meios humanos especializados em todas as áreas inquiridas; deficiente comunicação entre os postos policiais da PRM (Polícia da República de Moçambique)”, diz o documento.
Da informação colhida no terreno, o Serviço Nacional de Investigação Criminal disse aos deputados que nunca avançou haver envolvimento de um parlamentar em esquemas de venda de estupefacientes e que houve manipulação do vídeo que circulou nas redes sociais, no qual o porta-voz do SERNIC na Zambézia dizia que “houve um deputado que está envolvido neste esquema, nós estamos abertos para trabalhar neste caso e não temos problemas de investigar até trazer a verdade”.