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Num desenvolvimento significativo no prolongado conflito no leste da República Democrática do Congo, rebeldes do M23 anunciaram uma retirada condicional da estratégica cidade de Uvira, na província de Kivu do Sul. 

A medida surge após intensa pressão internacional, particularmente dos Estados Unidos e de outros parceiros, que instaram todas as partes a respeitar os acordos de paz recentemente negociados e a evitar mais derramamentos de sangue.

Numa declaração escrita nas redes sociais, a coligação afirmou: “ A retirada de Uvira é uma medida de construção de confiança destinada a apoiar as negociações em curso no quadro de paz de Doha, onde as autoridades congolesas e os representantes rebeldes se têm empenhado em esforços para pôr fim às hostilidades”.

O grupo enquadrou a decisão como um passo para fortalecer o diálogo e revitalizar as negociações de paz.

Uvira tem sido um ponto sensível no conflito, com a coligação M23 tendo anteriormente capturado a cidade e intensificado as tensões, apesar de um acordo mediado pelos EUA, assinado pelos presidentes do Congo e do Ruanda no início de dezembro, que visava conter a violência. 

A ofensiva causou o deslocamento de um grande número de civis e chocou a região por contrariar esses compromissos de paz. A liderança em Kinshasa e actores internacionais criticaram fortemente o avanço, afirmando que ameaçava o frágil processo de paz. 

A situação no leste do Congo continua instável com preocupações humanitárias e riscos de segurança regional persistindo enquanto as negociações continuam.

O presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, avançou com um processo judicial contra a emissora britânica BBC, por difamação, práticas comerciais enganosas e desleais, alegando que conteúdos transmitidos tiveram como objectivo prejudicar a sua imagem e influenciar as eleições presidenciais norte-americanas de 2024. Trump exige uma indemnização de dez mil milhões de dólares.

A acção, apresentada na Flórida,  com 33 páginas, afirma que a emissora Corporação Britânica de Radiodifusão,  BBC, difundiu uma “representação falsa, difamatória, enganadora, depreciativa, inflamatória e maliciosa” do presidente norte-americano, Donald Trump.

O processo centra-se sobretudo num episódio da série de actualidades “Panorama”, intitulado “Trump: Uma segunda oportunidade?”, emitido dias antes das eleições, e que, segundo Trump, constitui uma tentativa descarada de interferência no processo eleitoral.

A acção acusa a BBC de ter manipulado um discurso de Trump proferido a 6 de Janeiro de 2021, antes da invasão do Capitólio por alguns dos seus apoiantes. De acordo com o processo que exige uma indemnização de 10 mil milhões de dólares, o documentário juntou excertos de partes distintas do discurso, separadas por quase uma hora, para criar a percepção de que Trump apelava à violência, omitindo passagens em que defendia manifestações pacíficas.

A BBC já pediu desculpas pela edição do discurso, classificando o sucedido como um erro de julgamento, mas rejeita as acusações de difamação. 

O caso levou à demissão do principal executivo da emissora e da diretora de informação. 

 

A Guiné-Bissau suspendeu “todas as suas actividades” na Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) “com efeito imediato”, segundo anunciou o Governo de transição no poder naquele país.

A decisão foi comunicada numa carta endereçada ao secretariado da CPLP, segundo a imprensa internacional, onde o Ministério dos Negócios Estrangeiros guineense justifica a medida com a alegada exclusão do país de reuniões e processos de tomada de decisões nas estruturas da CPLP.

O governo de transição, criado pelos militares que protagonizaram o golpe de Estado na Guiné-Bissau no dia 26 de Novembro último, considera que a postura da organização que junta os países lusófonos “fere o princípio da igualdade soberana entre os Estados-membros, consagrado nos estatutos”.

“As decisões da CPLP não têm sido acompanhadas de fundamentação clara, transparência processual e mecanismos de acompanhamento de modo a garantir a legitimidade e eficácia das acções adoptadas, o que põe em causa a sua transparência e credibilidade”, refere na carta.

O documento realça ainda que constitui “afronta grave o desrespeito pela presidência da CPLP exercida (actualmente) pela Guiné-Bissau” por isso o país se vai afastar da organização até que sejam restabelecidos plenamente o cumprimento rigoroso dos estatutos.

O governo guineense nota que esta sua decisão “firme e categórica” reflete a determinação do país em defender a sua soberania e exigência ao cumprimento integral dos princípios que regem a CPLP.

A Guiné-Bissau está suspensa da CEDEAO, assim como de outra organização regional, a União Africana, consequência do golpe de Estado em 26 de Novembro, quando um Alto Comando Militar tomou o poder, destituiu o Presidente, Umaro Sissoco Embaló, que deixou o país, e suspendeu o processo eleitoral.

O Conselho de Ministro das Comunidades dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) também recomendou aos chefes de Estado a suspensão do país naquela organização.

As eleições gerais, presidenciais e legislativas, tinham decorrido sem incidentes, mas na véspera da divulgação dos resultados oficiais, um tiroteio em Bissau antecedeu a tomada do poder pelo Alto Comando Militar que nomeou o Presidente de transição, o general Horta Inta-A.

O general anunciou que o período de transição terá a duração máxima de um ano e nomeou como primeiro-ministro e ministro das Finanças Ilídio Vieira Té, antigo ministro de Embaló.

Um novo Governo de transição foi, entretanto, empossado, com nomes do executivo deposto e cinco militares entre os 23 ministros e cinco secretários de Estado.

No golpe, o líder do PAIGC, Simões Pereira, foi detido e a tomada de poder pelos militares está a ser denunciada pela oposição como uma manobra para impedir a divulgação dos resultados eleitorais.

Sobreviventes do conflito no Mali relatam violência sexual e assassinatos atribuídos ao Corpo Africano, uma nova unidade militar sob controle russo. No início deste ano, o Corpo Africano substituiu o grupo mercenário russo Vagner, que auxiliava os governos militares do Mali, Burkina Faso e Níger no combate a militantes ligados à Al-Qaeda e ao Estado Islâmico na região do Sahel, na África Ocidental.

De acordo com a imprensa internacional, a região se tornou o lugar mais perigoso do mundo para o extremismo. A Associated Press obteve acesso raro a um campo de refugiados onde malianos acusaram o Corpo Africano, uma nova unidade militar sob controle russo, de abusos. 

Civis, como os refugiados, dizem estar presos no fogo cruzado. As Nações Unidas relataram abusos de todos os lados. Mas as alegações contra o Corpo Africano são novas. A AP conversou com 34 refugiados dentro e nos arredores do campo, na vizinha Mauritânia. Eles alegaram abusos, incluindo estupros e decapitações.

Segundo entidades de saúde local, uma menina de 14 anos jazia imóvel em uma clínica improvisada, com os olhos vidrados e a boca aberta.  Uma das profissionais, disse que a menina tinha uma infecção relacionada a um abuso sexual e estava em choque agudo, sem tratamento, há dias.

Especialistas jurídicos citadas pela imprensa internacional afirmam que a existência do Corpo Africano como uma unidade militar russa torna as autoridades russas directamente responsáveis ​​pelas ações dos combatentes.

O Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky admitiu deixar cair a candidatura do país à NATO, como contrapartida por garantias de segurança do Ocidente, mas rejeitou a pressão dos EUA para ceder territórios à Rússia.

Segunda a notícia escrita por Lusa, em resposta aos jornalistas através do WhatsApp à chegada à Berlim para uma reunião, ladeado pelo chanceler alemão, Friedrich Merz, com os enviados dos EUA Steve Witkoff e Jared Kushner para as negociações de paz na Ucrânia, Volodymyr Zelensky sublinhou que, uma vez que os EUA e alguns países europeus rejeitaram a pretensão da Ucrânia de aderir à NATO, Kiev espera que o Ocidente dê garantias de segurança similares às oferecidas aos membros da Aliança.

“Estas garantias de segurança são uma oportunidade para prevenir outra onda de agressão russa”, sustentou, citado pela agência de notícias Associated Press (AP), garantindo que tal “é já um compromisso” por parte da Ucrânia.

O Presidente ucraniano acrescentou que estas garantias de segurança teriam de ser legalmente vinculadas e aceites pelo Congresso norte-americano.

No entanto, Volodymyr Zelensky rejeitou, sem hipóteses de ser trabalhada, a proposta dos EUA para que a Ucrânia se retire da região oriental de Donetsk e seja ali criada uma zona económica livre desmilitarizada.

“Não considero justo, porque quem vai gerir esta zona económica”, frisou, questionando: “Se as tropas ucranianas recuarem cinco, dez quilómetros, por exemplo, então por que é que as tropas russas não recuam mais profundamente nos territórios ocupados na mesma distância?”

O chefe de Estado reiterou que a questão é” muito sensível” e insistiu num congelamento ao longo da actual linha de contacto no território.

Refira-se que a Rússia invadiu a Ucrânia em Fevereiro de 2022 e, desde então, a guerra já custou dezenas de milhares de vidas civis e militares aos dois países, segundo várias fontes.

Pelo menos duas pessoas morreram e outras ficaram presas nos escombros após o desabamento de um templo em construção no norte de Durban, África do Sul. Não há registo de moçambicanos entre as vítimas. 

Uma casa de culto de quatro andares, em construção, desabou em KwaZulu-Natal, África do Sul, provocando a morte de duas pessoas confirmadas pelo serviço médico de resgate. Até ao fim da tarde, cinco pessoas haviam sido recuperadas com ferimentos leves, mas a equipe de resgate falava de um número não confirmado de pessoas que ainda estava soterrado nos escombros. 

A unidade de reação da África do sul sobrevoou com drone o local do incidente, para auxiliar os técnicos de resgate na avaliação da extensão do colapso, e aconselhou o uso de equipamento pesado de resgate. 

Por outro lado, as autoridades municipais não reconhecem a legalidade do edifício, desconhecem o paradeiro do empreiteiro, e consequentemente, a causa do desabamento permanece indeterminada, mas em em investigação.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, admitiu a possibilidade de um referendo sobre a concessão de territórios à Rússia, como parte de um plano para terminar a guerra entre os dois países.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, admitiu pela primeira vez, esta quinta-feira, um referendo sobre a questão territorial, num eventual acordo para pôr fim à guerra, sugerindo que o povo ucraniano deve ter voz sobre qualquer concessão de terras à Rússia.

 “Acredito que o povo da Ucrânia responderá a essa pergunta. Seja por meio de eleições ou de um referendo, deve ser uma decisão do povo da Ucrânia”, afirmou aos jornalistas, citado por Lusa. 

Zelensky afirma que os Estados Unidos propuseram a criação de uma “zona económica livre” na região de Donbass, da qual desejam que a Ucrânia se retire.

O presidente ucraniano acrescenta que também estão a ser discutidas as retiradas russas de pequenas faixas de terra nas regiões de Kharkiv, Sumy e Dnipro.

A Ucrânia apresentou ontem aos Estados Unidos a mais recente versão do seu plano para terminar a guerra com a Rússia.

Segundo a imprensa internacional, esta versão mais recente “tem em conta a perspectiva ucraniana, é uma proposta mais abrangente para uma solução adequada para as questões problemáticas”, salientou um segundo responsável ucraniano à AFP.

A proposta inicial dos Estados Unidos incluía a cedência de territórios ucranianos à Rússia que ainda não tinham sido conquistados e que era considerada por Kyiv e pelos seus aliados europeus como particularmente favorável a Moscovo.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, confirmou na terça-feira que o plano foi dividido em três documentos: um acordo-quadro de 20 pontos, um documento sobre garantias de segurança e outro sobre a reconstrução da Ucrânia após a guerra.

O grupo rebelde M23, apoiado pelo Ruanda, diz que tomou o controle da cidade estratégica de Uvira, no leste do Congo, nesta  quarta-feira, após uma ofensiva rápida desde o início do mês.

O porta-voz do grupo rebelde M23 fez o anúncio numa publicação no X,  informando que o grupo tomou controlo da cidade estratégica de Uvira, no leste do Congo, e encorajou os cidadãos que tinham fugido a regressar às suas casas.

Localizada na fronteira com o Burundi, Uvira tinha-se tornado num espaço significativo em Kivu do Sul desde que o M23 tomou a capital da província, Bukavu, em Fevereiro.

Nesta quarta-feira, os residentes de Uvira relataram uma noite caótica, durante a qual tropas do exército congolês fugiram e ouviram-se tiros por toda a cidade.

O mais recente ataque do M23 acontece apesar de um acordo de paz mediado pelos Estados Unidos, assinado na semana passada pelos presidentes da República Democrática do Congo e do Ruanda em Washington. 

O presidente dos EUA, Donald Trump, saudou o acordo como histórico. O acordo não incluía os rebeldes, que estão a negociar separadamente com a RDC, mas obriga o Ruanda a cessar o apoio a grupos armados e a trabalhar para pôr fim às hostilidades.

No seu discurso no parlamento nesta segunda-feira, o presidente congolês Félix Tshisekedi acusou Ruanda de violar o acordo de paz de Washington.

Parceiros locais das Nações Unidas relatam que mais de 200 mil pessoas foram deslocadas em todo o Kivu do Sul, desde 2 de Dezembro, com mais de 70 mortos.

A UNICEF divulgou que mais de 200 milhões de crianças vão precisar de ajuda humanitária no próximo ano, em 133 territórios. A organização pede 6 580 milhões de euros para apoiar 73 milhões de crianças.

Segundo o Relatório de Acção Humanitária para a Infância, apresentado em Madrid esta quarta-feira, o crescimento das necessidades humanitárias na infância é explicado pelo organismo com o agravamento das tensões e conflitos mundiais, bem como das situações de fome.

Os cortes no financiamento a nível mundial e o colapso dos serviços básicos também contribuem para a nova estimativa.

“As necessidades aumentaram, não apenas em número de milhões de crianças, mas também em gravidade”, acrescentou a coordenadora global de emergências da UNICEF, Inés Lezama, citada por Lusa.

Apesar do número estimado de crianças em risco, o pedido de 6 580 milhões de euros para 2026 representa um corte de cerca de 22% face ao ano anterior.

Em 2025, a UNICEF reduziu as intervenções do programa de nutrição em 20 países prioritários devido ao défice de financiamento de 72%.

Na educação, o défice de 640 milhões de euros colocou em risco o acesso ao ensino de milhões de crianças: “Há menos fundos e, por isso, temos de tomar decisões muito difíceis no dia a dia”, explicou Lezama.

Em conferência de imprensa, o director-executivo da UNICEF Espanha, José María Vera, apelou a que o sector privado e as administrações públicas mantenham o apoio prestado à organização, numa fase em que as necessidades crescem em sentido inverso aos recursos, que são cada vez menores.

O alerta surge numa altura em que os cortes de financiamento previstos por parte de governos doadores limitam a capacidade de resposta da UNICEF.

“Sem financiamento contínuo, as intervenções vitais de nutrição, água, saneamento e higiene para proteção de milhares de crianças serão interrompidas”, lê-se no comunicado da UNICEF citado pela agência Lusa.

O valor solicitado de 6 580 milhões de euros será distribuído entre as diferentes necessidades em cada região, nomeadamente no acesso à água, saneamento, higiene e nutrição (40%), educação (16%), saúde (14%) e proteção da infância (12%).

As maiores necessidades de financiamento para o próximo ano concentram-se no Sudão, Afeganistão e Palestina, devido ao risco de fome em Gaza e em Darfur e Cordofão (Sudão).

Entre as mudanças no apoio prestado pela UNICEF em 2026 estão a necessidade priorizar intervenções de maior impacto, reforçar alianças com governos e investir na preparação das ações de ajuda humanitária.

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