Encontrámo-lo na sua residência, no bairro Rumbana, na cidade da Maxixe, em Inhambane, ainda incrédulo com a notícia da morte daquele que considera seu mestre. Oliveira Dimbane conheceu Marcelino dos Santos em Nachingueia, em 1965, seu motorista até 1975, depois da assinatura dos Acordos de Lusaka.
Dimbane conta que tinha a missão de conduzir Marcelino dos Santos por vários cantos do país, durante a luta de libertação nacional. Mais do que um chefe, Dos Santos é descrito como um verdadeiro amigo, uma vez que sempre estava disposto a ajudar a quem lhe pedisse ajuda. Aliás, assim foi com Dimbane, bem como com outros companheiros de trincheira.
Em 10 anos de convivência, Dimbane tirou muitas lições de Marcelino dos Santos, mas a mais importante de todas, é que o herói nacional gostava de ensinar a lidar com a vida: “não é só trabalhar, o homem, deve trabalhar, sonhar e lutar para tornar esse sonho em realidade. Na altura nós ouvíamos isso e passava, mas depois eu vi que ele tinha razão e decidi seguir os conselhos dele”.
Curiosamente, há poucos metros da casa de Dimbane fica a Escola Secundária Marcelino dos Santos, erguida em 2017, em homenagem ao herói nacional. Ali formam-se os soldados de amanhã. Ao “O País”, os estudantes descreveram a figura de Marcelino dos Santos, como um dos fundadores da Frelimo, o primeiro ministro da Planificação e Desenvolvimento e poeta.
Aliás, é através das artes que os estudantes entendem ser o maior caminho para eternizar Marcelino dos Santos e o seu legado.
Tanto os estudantes e o antigo motorista de Marcelino dos Santos defendem que a melhor forma de chorar a morte de Kalungano é dar continuidade à luta que travou a vida toda.