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Anselmo Ralph confirma que o “Amor é cego”

“Amor é cego”, agora estampado na nova aventura discográfica do músico angolano Anselmo Ralph, é um dos ditados mais antigos e que inspirou uma data de obras artísticas, sobretudo músicas e filmes. No universo cinematográfico destaca-se a comédia romântica norte-americana lançada em 2001 e dirigida por Peter e Bobby Farrelly. Mas não só, ainda que outros tantos não ostentem um título igual, expõem um enredo parecido, tal é o caso do famoso filme “Titanic”.

Quando parecia que o ditado já tinha sido usado abusivamente e de forma desnorteada, eis que um dos músicos mais sonantes da lusofonia arrisca para intitular o seu mais recente álbum.

As 15 músicas que compõem o seu quinto “bebé”, em termos de abordagem, não surpreendem, mas não são tão óbvias quanto o título que lhes embrulha. Ralph carimba a marca indelével do homem romântico. Sempre foi assim e nunca escondeu o seu “coração em chamas”, mas os defeitos típicos dos homens assombravam suas boas acções. Já neste recente álbum, mesmo a justificar à pertinência do título, revela-nos um homem maduro e determinado.

No “Amor é cego”, não vemos aquele marido que chega de manhã, que trai a parceira, dividido entre tantas mulheres, ou que é abanado por “um rabo de saia”. Muito pelo contrário, é abandonado e “faz festa” com a volta do seu amor. E quando há festa, há sempre um brinde: “Chin Chin”, diz uma das músicas.

Mas não é apenas a oitava música que nos leva a este pensamento, a faixa número quatro, num perfeito cruzamento de vozes e conteúdo com Paulo Flores confirma-se a cegueira do amor e a maturidade. Nesta música, Anselmo Ralph encarna um jovem que pede a mão da filha de um pai em casamento, este que aqui é Paulo Flores. O “Pedido”, em si, não é motivo de muitos comentários, mas o que se arrasta nele é digno de atenção. A conclusão desta conversa entre futuro genro e sogro concluem-se com a importância do amor. Sim, os dois, em profundo acordo, assumem que o amor é mais que tudo e é o único trunfo que o proponente deve ter para ganhar a mão da filha. Tudo para além do amor não é chamado a debate.

E quando os momentos de tensão chegam, é importante que os casais digam um ao outro que é o amor que lhes une e porque “não há amor sem drama, miúda tenha calma que tudo vai passar”. O rapper Manda Chuva, com uma estética dos novos ventos do rap, reitera no enredo de Ralph que esse amor não vai acabar. A ideia que se vinca é de que mesmo aqueles que têm uma postura avessa ao amor, rendem-se aos seus vícios. Se com Paulo Flores o autor de “Amor é cego” revela-nos uma imagem adulta e de conselheiro, com Manda Chuva – como o nome não mente – um imaturo que, entretanto, não escapa aos golpes deste sentimento.

Ou seja, o autor do álbum não cruza gerações a toa. Assim, confirma que independentemente da idade, o amor, poderoso que é, cega. Aliás, essa ideia é bem evidenciada no cartão-de-visita deste trabalho: “Por favor dj”. Esta música conta-nos a história de um jovem que no meio da festa, como se de um tiro se tratasse, é obrigado a recordar-se da namorada através de uma música que escapou na mistura do dj.

“(…) mulher que vale mais que ouro”. Esta é uma das frases que revela a tão sublime amada que percorre por quase todas as músicas. Os ritmos variados – o acústico, o r&b, pop, soul e bossa nova – compõem a arquitectura deste trabalho que, na última semana deste mês, chega a Moçambique numa digressão que vai até 8 de Julho.

Esta é uma das presenças mais esperadas este ano. Afinal, o amor exaltado pelo artista também contagia os moçambicanos. À todos seus seguidores de Moçambique (e do mundo), Anselmo Ralph promete um espectáculo inédito como também, através da sua última música, aconselha-os à recorrer a Jesus para aprenderem a amar.

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