A República de Angola vai a votos no próximo dia 23, para eleger um novo Presidente e Assembleia Nacional. Pela primeira vez em 38 anos, José Eduardo dos Santos não concorre para sua própria sucessão e pelo seu partido, o MPLA, concorre às presidenciais João Lourenço que tem como concorrentes Isaías Samakuva da UNITA, Abel Chivukuvuku da coligação CASA-CE, Lucas Ngonda do FNLA, Benedito Daniel do PRS e Quintino Moreira de APN.
Estes candidatos estão em campanha eleitoral desde o passado dia 23 de Julho, percorrendo as 18 províncias angolanas a tentar convencer os mais de nove milhões e trezentos mil eleitores a votar neles. Aliás o número de eleitores tem estado a gerar alguma polêmica uma vez que nas eleições anteriores realizadas em 2012, estavam inscritos quase 9,6 milhões de eleitores, menos 400 mil que os actualmente inscritos, diferença que ainda não foi convincentemente explicada pelas autoridades eleitorais.
Mas os eleitores que têm a inscrição garantida dizem que acompanham atentamente as promessas eleitorais que estão a ser feitas pelos candidatos e dos que foram entrevistados pela nossa equipa de reportagem nas ruas de Luanda o próximo Presidente da República de Angola deverá ter como principais prioridades a criação de empregos para jovens, o combate à corrupção e lutar para cumprir todas as suas promessas eleitorais.
Santos Neves, vendedor de rua, disse que “o governo fez muita coisa boa sim, mas o governo está mais preocupado com o centro das cidades mas que olhassem mais lá nos bairros, questões de saneamento, da água, da luz e que não seja mais um presidente daqueles que só promete e não faz. Agora que se está a fazer a campanha está todo mundo a prometer para as pessoas votarem, mas depois tudo o que se prometeu não se vai ver”. Disse o vendedor que também apelou aos angolanos para votarem de acordo com a sua consciência e naquelas propostas que acham que vai mesmo melhorar as suas vidas.
Ângela Utende, proprietária de uma loja de mobiliário, quer ver combate cerrado à corrupção “a proposta de João Lourenço é acabar com a corrupção, a segunda é garantir emprego para a juventude se ele ganhar as eleições e cumprir essas promessas acredito que Angola terá um bom rumo”, disse tendo acrescentado que no dia 23 será a primeira a exercer o seu direito cívico de votar, entretanto, disse que ainda não sabe onde irá votar. Aliás, este é outro problema que opõe os partidos da oposição aos órgãos eleitorais.
É que nas eleições de 2012 os eleitores podiam votar em qualquer mesa de voto, mas agora os mesmos foram dados a oportunidade de escolher onde desejam votar e acontece que muitos eleitores não conseguiram identificar as mesas de voto, outros os nomes apareceram em cadernos eleitorais da província ou cidade distante daquele em que reside. E a Comissão Nacional Eleitoral diz que foram os locais indicados pelos eleitores, mas a Oposição receia que muitos eleitores podem não conseguir votar por conta dessa dificuldade.
Campanha eleitoral em fase final
Hoje o candidato do MPLA cumpriu o 24º dia da campanha eleitoral escalando a sua terra natal, a cidade de Lobito onde realizou um comício bastante concorrido. Na ocasião, João Lourenço pediu a todos os angolanos que tenham dinheiro guardado no exterior para que devolvam a Angola para que seja usado no desenvolvimento do país. O candidato diz que esse é um acto de patriotismo porque vai ajudar a criar emprego e deixou garantias de que ninguém será penalizado por ter dinheiro guardado fora de Angola. João Lourenço acredita que a medida poderá ajudar a tornar o sistema financeiro angolano robusto.
A 40 quilómetros de Lobito, na cidade de Benguela, estava Isaías Samakuva, presidente e candidato da UNITA para a Presidência de Angola. O líder do Galo Negro pediu ao povo angolano para mandar de férias o MPLA: “Precisamos, na verdade, de tirar aqueles que nos prometeram trazer empregos, trazer um milhão de casas, trazer ‘água para todos’, trazer energia. Precisamos de mandá-los para descansar, para que a UNITA, com o seu Governo Participativo e Inclusivo, resolva os problemas sem olhar para camisolas partidárias”, disse prometendo fazer um governo que incluía membros dos outros partidos de oposição caso vença as eleições do dia 23.