O Congresso Nacional Africano (ANC), partido no poder na África do Sul, é acusado de corrupção ao receber 50 milhões de randes antes e depois de atribuição de contratos públicos na cidade de Joanesburgo. A informação consta de um relatório sobre corrupção durante a governação de Jacob Zuma.
Na quarta-feira, a Comissão de Inquérito Zondo encarregue de investigar actos de corrupção no Governo do antigo presidente sul-africano, Jacob Zuma, que dirigiu o país entre 2009 e 2018, foi entregue à presidência sul-africana.
O conteúdo do documento, que confirmou ter havido captura do Estado na África do Sul, um tipo de corrupção política em grande escala cujas decisões são influenciadas por interesses próprios, está a ser divulgado gradualmente.
Neste sábado, o relatório com mais de 800 páginas aponta que o Congresso Nacional Africano, partido no poder na África do Sul, recebeu donativos em cerca de 50 milhões de randes, o equivalente a 201.770.000, 00 meticais, antes e depois de atribuição de contratos públicos na cidade de Joanesburgo, dinheiro usado para financiar eleições autárquicas de 2016.
“Os e-mails mostram que, um mês antes da atribuição de um determinado contrato, o sr. Makhubo [na altura presidente da Câmara de Joanesburgo] solicitou à EOH [empresa tecnológica] um donativo para o ANC. Os registos mostram uma série de pedidos de doações que coincidiram com a adjudicação de contratos”, lê-se no relatório.
Segundo o jornal Observador, o juiz Raymond Zondo, que ouviu desde Agosto de 2018 mais de 300 testemunhos sobre corrupção pública generalizada no país, afirmou que a investigação aponta o envolvimento de altos funcionários do Governo, incluindo o ex-presidente, Jacob Zuma e membros do executivo.