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Analistas dizem que situação do Quênia deve servir de ensinamento para os líderes africanos

Analistas da Política Internacional dizem que as manifestações no Quênia são uma demonstração da ausência de políticas de auscultação pública, no processo de tomada de decisões, em quase todos os países africanos. Acrescentam ainda que a situação deve servir de ensinamento para os líderes continentais.

Há quase um mês, a República do Quênia vive um ambiente de caos e manifestação pública, liderada por um grupo de jovens, em protesto à decisão de aumento orçamental, enviado pelo presidente da República, Wiliam Roto, para a sua aprovação no parlamento.

A informação não agradou ao povo queniano, que, no dia 18 de junho, marchou em repúdio à decisão, entretanto, o acto não travou o avanço do documento e sua aprovação pelo parlamento.

Desde o dia 25 de junho, a capital Nairobi e várias regiões do país têm vindo a registar manifestações, que provocaram 39 mortes e mais de 350 feridos.

William Ruto já veio a público reconhecer que houve alguns excessos, por parte das forças policiais, inclusive. “Envio as minhas as minhas condolências a todas as famílias que perderam os seus entes queridos nestas situações tão infelizes”, disse Wiliam Roto, Presidente do Quênia.

Todavia, as palavras de Roto não convenceram a camada jovem que continuou com as suas manifestações. “Como se pode ver na cidade, muitos estabelecimentos comerciais estão fechados, devido à situação de carência, em curso. Estamos aqui para reivindicar os nossos direitos. Não temos emprego, a maioria de nós é licenciado, por isso, estamos a pedir ao nosso presidente que tenha em conta as nossas necessidades”, disse uma estudante queniana.

Os mais velhos também têm muito que reclamar, mas querem aproveitar a força jovem para alcançar a revolução. “Eles devem continuar a manifestar até que o governo faça o que é necessário para o bem do povo, porque os crimes são graves “.

Desde o início das manifestações no Quênia, várias instituições do Estado e privadas foram obrigadas a encerrar as suas actividades, o que poderá provocar outros problemas de cariz humanitário, de acordo com as Nações Unidas.

Para os analistas políticos, Wiliam Roto está a mostrar, cada vez mais, o distanciamento entre a sua personalidade e promessas que fez ao povo queniano, aquando da sua chegada ao poder, em 2022.

Wilker Dias, analista político, vê poucas chances para o estabelecimento da paz e tranquilidade no Quênia, ainda na vigência do Regime Roto, uma vez que o povo já perdeu confiança nos seus ideias.

“Dificilmente teremos momentos de paz no Quênia, principalmente a nível governativo, pois já se perdeu a confiança no Presidente da República, essa geração vai fazer de tudo para desistabilizar, retirar ou encontrar uma alternativa para tal”, explicou Dias.

O analista político e pesquisador Angolano, Raul Tati, não tem dúvidas de que a responsabilização destes actos macabros, deverá recair sobre o Presidente queniano e suas forças.
“Por outro lado temos a responsabilização política e o presidente não vai escapar disso, e isto já aumentou a fúria da população, que, neste momento, está a pedir a cabeça de Wiliam Roto, já não o querem no poder. E a onda de protestos só aumenta, devido ao número de mortos”.

Manifestações em repúdio a decisões do poder executivo, tem, vindo a ganhar espaço no continente africano e em outros países terminaram em Golpes de estado, ou derrubada dos governos ditatoriais.

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