A Amnistia Internacional convocou, esta quarta-feira, a imprensa, para apresentar os resultados de um estudo, realizado na comunidade de Nagonha, em Nampula durante dois anos. O estudo “As nossas vidas não valem nada” aborda as consequências da exploração de areias pesadas por parte da Haiyu Mozambique Mining que periga a vida dos 1360 habitantes daquela comunidade. Segundo o investigador da Amnistia Internacional, David Matsinhe, a exploração de areias pesadas iniciou em 2011. As práticas da Haiyu transformaram a topografia da área e afectaram o sistema de drenagem das zonas húmidas e estas alterações tiveram impactos negativos sobre o ambiente e a população.
Devido a esta situação, os canais de escoamento de água ficaram fechados em 2015 as chuvas fortes que se fez sentir na destruiu 48 casas e desalojou 290 pessoas. “Houve destruição de casas, da vegetação. As plantas medicinais, frutas silvestres, as lagoas onde as pessoas faziam a pesca e a recriação para os meninos tudo isso desapareceu. Uma transformação profunda da comunidade”, disse o investigador.
O relatório documenta também a forma como a Haiyu não respeitou as normas internacionais sobre empresas e direitos humanos que obrigam ao respeito pelos direitos humanos. A mineradora chinesa não seguiu o processo de diligência devida adequada no que se refere aos reassentamentos e indeminização das famílias. Lopes Cocotela, régulo, diz que a comunidade não foi auscultada durante todo o processo de instalação da mineradora.
As organizações da sociedade civil que ajudaram na elaboração do estudo, dizem que o Estado revelou não ter poder de regulação e fiscalização e que a Procuradoria deveria investigar o caso. “É altura da Procuradoria-Geral da República agir sobre projectos de sectores extractivos e encetar uma investigação para perceber até que ponto um projecto desta envergadura pode iniciar as suas actividades sem fazer estudo ambiental”, disse Fátima Mimbire, representante do Centro de Integridade Pública.