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AMETRAMO exige criação de lei que regule actividade

Foto: O País

A Associação dos Médicos Tradicionais de Moçambique (AMETRAMO) exige a criação de uma lei para regular a actividade. O presidente da AMETRAMO diz que a falta do instrumento contribui para a desvalorização da medicina tradicional.

Celebra-se, esta quinta-feira, duas décadas da medicina tradicional africana. Para marcar a efeméride, o Ministério da Saúde (MISAU) depositou uma coroa de flores na Praça dos Heróis Moçambicanos.

A ocasião serviu também para reflectir em torno dos maiores desafios no exercício da actividade, numa altura em que não há uma legislação que regula a prática da medicina tradicional no país.

Segundo o presidente da Associação dos Médicos Tradicionais de Moçambique (AMETRAMO), a falta de lei tem contribuído para a desvalorização e discriminação da medicina tradicional.

“Quando não há lei, não há respeito. Uma coisa que não tem lei, não é obedecida. A legislação vai beneficiar o médico tradicional e a população”, explicou Mathe, frisando que aguardam, desde 2013, pela legislação.

A medicina tradicional é uma actividade selectiva e o seu exercício passa por um “chamamento” dos antepassados, tal como ocorreu com Milagrosa Manjana, que se entregou à medicina tradicional aos 34 anos.

“Eu descobri que me devia entregar a medicina tradicional através de doenças que não conseguia curar na medicina convencional. Foi daí que descobri que sofria o problema de chamamento espiritual. No início, não foi fácil aceitar porque não conseguia encarrar a realidade. Mas, por ser obrigação, tive que seguir”, revelou Milagrosa Manjana, médica tradicional

A medicina tradicional tem como objectivo salvar vidas, recorrendo a plantas e outros produtos naturais. “Há doenças que nós sabemos tratar, mas o hospital não consegue. Por isso, nós existimos e o Ministério da Saúde nos valoriza, porque sabe que nós sabemos alguma coisa”, referiu o presidente da AMETRAMO.

O MISAU reconhece o papel da medicina tradicional na cura e prevenção de doenças.

“Nós temos estado a trabalhar em colaboração com a medicina tradicional há bastante tempo. Nos últimos 20 anos, foram alocados para as nossas unidades sanitárias, para prestarem assistência a mais de 10 milhões de doentes de diversas patologias”, explicou Martilho Djedje, inspector-geral da Saúde.

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que, em 2022, mais de 40 países da região africana desenvolveram políticas nacionais de medicina tradicional, contra apenas oito no ano 2000.

Segundo a OMS, quando se inclui nos planos de cobertura universal de saúde, a medicina tradicional pode reduzir a pressão sobre o sistema e diminuir os custos.

“Moçambique tem dado passos para a integração da medicina tradicional no Sistema Nacional de Saúde, com a instituição da Direcção Nacional de Medicina Tradicional e Alternativa a nível do Ministério da Saúde; a Política de Medicina Tradicional e Estratégia da sua implementação e esforços para a protecção do conhecimento dos praticantes da medicina tradicional e protecção da biodiversidade”, disse Matshidiso Moeti, directora regional da OMS para África.

As celebrações das duas décadas da medicina tradicional africana decorreram sob o lema “Duas Décadas do Dia da Medicina Tradicional Africana, rumo à Universalização da Cobertura de Saúde em África”.

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