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Alunos estudam em casas em construção devido às inundações na EPC de Matlemele

Foto: O País

A Escola Primária de Matlemele, no Município da Matola, está inundada há mais de um mês. A água tende a minguar aos poucos, mas grande parte do recinto ainda está alagada.

Para circular pelo pátio, chegar às salas de aula ou até mesmo ao bloco administrativo da instituição, sem entrar na água, as pessoas recorrem aos blocos e aos sacos de areia colocados para criar uma espécie de ponte. Dizem que foram as chuvas do início de Fevereiro que deixaram a escola naquele estado.

“A escola está toda inundada, as casas de banho estão cheias de água, não há como entrar lá, as fossas também estão dentro de água e parte dos dejectos que lá estavam misturaram-se com esta água”, disse ao “O País” o director-adjunto da escola, António Ngoenha.

Foi necessário construir outras casas de banho e, para circular, os alunos precisam de ter equilíbrio para não cair na água; os mais novos nem sempre conseguem sair vencedores. Da água com peixes, os mais ousados tentam tirar alguma coisa.

Algumas salas de aula, construídas à base de material precário, ficaram completamente alagadas e parte da sua estrutura destruída.

“Tivemos 27 turmas, que chamamos de sala sombra, inundadas. Para que os alunos não perdessem aulas, tivemos que pedir, na comunidade, as casas que ainda estão em construção para usarmos os cómodos e estão a leccionar. Conseguimos. Alguns estão a estudar numa igreja aqui perto e, nesses sítios, tivemos que improvisar casas de banho para os alunos”, explicou António Ngoenha.

São ao todo cerca de 1600 crianças a estudar nesses locais, alguns deles em cómodos projectados para, no futuro, serem salas, quartos e garagens. Segundo a professora Felizarda Manjate, a situação surpreendeu todos os intervenientes, até porque esta é a primeira vez que algo do género acontece naquela instituição.

“A situação na escola não era das melhores, não havia condições para os alunos estarem a estudar lá. Por sorte, conseguimos ter estes espaços disponíveis e estamos aqui porque os alunos não podem perder as aulas”, afirmou Felizarda Manjate.

Entretanto, houve salas, na escola, que só escaparam por estarem em cima.

Segundo os encarregados de educação, por conta da situação, a atenção com os seus educandos teve de ser redobrada, para garantir que eles não entrem na água. É por isso que Wacilafa Menete acompanha, todos os dias, os seus filhos até à sala de aula e faz o movimento contrário quando as aulas terminam.

“Tenho um filho que entra logo às seis horas; eu venho deixá-lo, ele sai às dez horas e, nesse horário, entra a irmã, então, quando venho deixar esta, aproveito e levo o outro, que é para ter certeza de que não vão entrar na água, porque é imunda e precisamos de evitar que fiquem doentes.”

Além de doenças diarreicas e mosquitos, reclama-se do mau cheiro e cobras e sapos que andam à volta da escola e que se escondem na mata gerada pelas águas.

Pede-se solução urgente, porque, segundo dizem, a situação tende a ficar pior.

“Estamos a pedir às autoridades para resolver este assunto, virem bombar esta água, porque são crianças estas que estudam aqui, e a cada dia estão a ficar doentes. Precisamos de uma solução urgente”, apelou Júlia Chabana, outra encarregada de educação.

As casas ao redor da escola também estão inundadas e não há previsão de quando a situação irá melhorar.

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