O algodão será vendido ao preço mais baixo na presente campanha. A tabela deverá situar-se entre 18 e 19 meticais por quilograma, valor abaixo do mínimo de 23 meticais alcançados em 2019.
Esta segunda-feira, o Governo e os diferentes intervenientes da cadeia do algodão não chegaram ao consenso quanto ao preço mínimo da comercialização deste produto no mercado para presente campanha.
A proposta é de 18 ou 19 meticais por quilogramas em 2020, contra 23 meticais em 2019. Os compradores são a favor da nova tabela, enquanto os produtores entendem que a cifra poderia ser mais alta ou manter-se os valores alcançados no ano passado.
“Neste momento o principal risco é o mercado continuar a cair (preço do algodão no mercado internacional). Em tempos de crise devemos nos manter solidários, por isso vamos comprar o algodão ao preço de 19 e não 18 meticais por quilograma, por exemplo”, defendeu Francisco Ferreira dos Santos, em representação das empresas compradoras desta cultura de rendimento.
Aliás, segundo os compradores, os reajustes em alta do preço de referência do algodão no mercado dependem da adopção do mecanismo de subsídios aos produtores. “Se Governo injectar entre três e quatro milhões de dólares, pode-se aumentar os níveis de produção em 20% e consequentemente a renda”, argumentou Ferreira dos Santos.
Porém, os argumentos dos compradores não convencem a associação dos produtores do algodão em Moçambique. “A nossa proposta é o Governo manter o preço de 23 meticais, para evitar a fuga dos produtores para outras culturas de rendimento, cujos preços são mais atrativos no mercado”, disse Benilson Qhesson.
Diante da falta do consenso para a fixação do preço de referência para venda do algodão, o ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Celso Correia, disse que qualquer decisão deve ter em conta a sobrevivência das famílias.
“Mas do que se discutir o preço, estamos a discutir a vida de um milhão de moçambicanos. É discutir como um milhão de moçambicanos vão colocar a comida na mesa, pagar suas necessidades básicas, suprir seus desafios e projectar os seus sonhos”, apontou o governante.
Alcançado o consenso, Celso Correia, referiu que a proposta final do preço de referência para a comercialização do algodão vai ser apreciada pelo Conselho de Ministros esta terça-feira.
NEGÓCIO EM QUEDA
Considerado o quarto maior produto das exportações agrícolas em Moçambique, o algodão atravessa uma fase de menor fulgor. A renda dos produtores e das famílias dependentes desta cultura de rendimento tende a baixar.
O Instituto do Algodão de Moçambique prevê uma produção de 41 mil toneladas até finais de 2020, abaixo do registo de 45 mil toneladas de 2019. Consta que o número de produtores reduziu em 12%, para mais de 180 mil. As receitas de exportação da fibra do chamado “Ouro branco” deverão situar-se próximo dos 30 milhões de dólares norte-americanos.