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Aik “ignora” valores que lhe devem e demite-se do cargo de seleccionador

Foto: O País

Carlos Aik denunciou, nas vésperas do jogo com a Costa do Marfim, a desorganização e desorientação dos quadros da SED no processo de gestão da selecção nacional. Curiosamente, os gestores da SED haviam garantido ao presidente da República, Filipe Nyusi, que estava tudo bem na selecção nacional quando haviam dívidas por liquidar com as atletas. Há dívidas com o demissionário seleccionador nacional desde Fevereiro.

Carlos Ibraimo Aik demitiu-se, sexta-feira, do cargo de seleccionador nacional de basquetebol sénior feminino, cargo que vinha ocupando desde Janeiro de 2023.

Agastado com o rumo que a modalidade está a tomar, e com a desorganização e desorientação dos elementos da Secretaria de Estado de Desporto (SED) na gestão da selecção nacional no “Afrobasket” 2023, Aik comunicou a sua decisão à Federação Moçambicana de Basquetebol (FMB), argumentando, na carta enviada ao órgão reitor da modalidade da bola ao cesto no país, que tal tem a ver com a sua “coerência” e “forma de ser e estar no desporto”.

O experimentado “coach” realça que a sua posição foi “tomada após uma série de problemas que se registaram, antes, durante e após a competição recentemente realizada, o “Afrobasket” Kigali 2023”.

Com a voz embargada, Aik denunciou, nas vésperas jogo com a Costa do Marfim, o atraso no pagamento de subsídios às atletas mesmo depois da Secretaria de Estado de Desporto ter assegurado que iria honrar com os seus compromissos. Alias, o demissionário “coach” chamou atenção a imprensa nacional que cobriu o “Afrobasket” para que relatasse os factos que apontavam para a um possível boicote do jogo com a Costa do Marfim porque as atletas não tinham recebido os subsídios.

A velocidade de cruzeiro, o Fundo de Promoção Desportiva depositou o dinheiro na conta de algumas atletas, o que fez as águas baixarem. Em campo, as atletas responderam com profissionalismo e conduziram Moçambique a uma vitória por 70-48.

O martírio de Carlos Aik começou ainda antes da fase de qualificação da zona VI para o “Afrobasket” com o arranque tardio da preparação da selecção nacional de basquetebol sénior feminino. Depois de consumada a qualificação, Carlos Aik desenhou atempadamente um plano de preparação que incluía um estágio pré-competitivo na Turquia, onde a selecção nacional devia fazer alguns jogos de controlo. A preparação arrancou tarde, as condições não eram das melhores e, a agravar a situação, algumas atletas preponderantes juntaram-se tardiamente ao grupo de trabalho porque reclamavam o pagamento de subsídios. Mas não era tudo! O estágio pré-competitivo não chegou a ser materializado, tendo sido improvisado um programa em Kigali que incluiu jogos de controlo com o Ruanda e Senegal. Com o Fundo de Promoção Desportiva desorientado, e sem fazer bem o seu papel, o seleccionador nacional foi obrigado a tirar dinheiro do seu bolso para pagar uma taxa de jogo de controlo com Senegal bem como a comprar água. Isto tudo mesmo com o acordo assinado entre a Secretaria de Estado de Desporto com a TotalEnergies de patrocínio da selecção nacional, cuja primeira tranche de 18.5 milhões fora desembolsada pela multinacional. O Fundo de Promoção Desportiva diz que os valores da TotalEnergies foram disponibilizados tardiamente.

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