Há quase um mês que se rompeu um dos canais do sistema de drenagem de águas negras do Hospital Geral da Machava e das cadeias Central e de Máxima Segurança, na Província de Maputo, provocando cheiro nauseabundo e expondo a saúde dos moradores ao perigo.
Cesarina Tamele, que tem a sua casa encostada à conduta de águas negras que rompeu, não resistiu ao cheiro e abandonou a casa.
“Eu já não vivo aqui. Praticamente, estou de dia, mas a partir das 17 horas eu devo sair daqui. Tenho uma família de quatro membros e não podemos ficar aqui. Eu pago a alguém para ficar aqui enquanto eu saio.”
Com a situação, há quase um mês, um dos filhos de Cesarina Tamele está doente e suspeita-se que a causa da doença sejam as águas negras.
“Não vou dizer que é por causa das águas, mas ela é sensível, tem problemas de respiração. Não sei se tem alguma coisa a ver com isto. É muito complicado eu continuar a deixar as crianças nesta situação.”
Isto está a acontecer no bairro do Vale de Infulene, autarquia da Matola, Província de Maputo, onde os moradores receiam que a sua saúde se deteriore e exigem das autoridades competentes uma solução urgente.
As autoridades do bairro dizem que já foram identificados o problema e a solução, mas está tudo encalhado num dos quintais por onde passa a conduta, pois o proprietário da casa exige indemnização de 80 mil Meticais para remover o amendoim plantado por cima da conduta, segundo contou Invis Rafael, que é chefe do quarteirão.
“O que se devia fazer? Vieram falar connosco, como estrutura do bairro, e, já que o tubo passa pelo meio desta casa, pediram-nos que falássemos com o dono da casa para nos ceder, para permitir que trabalhem naquela área onde o tubo passa. Só que quando fomos falar com a dona de casa tivemos dificuldades.”
A escassos metros do ponto onde transbordam as águas negras, está a funcionar uma padaria, cujo dono, Imtiaz Amuji, reclama de impactos negativos.
“Não é bom para quem tem indústria de panificação aqui, isto aqui cria problemas para os próprios clientes não é, os clientes não querem passar por aqui e sentirem este mau cheiro, então pedimos a intervenção de quem é de direito para resolver isto.”
É recorrente o rompimento e consequente transbordo de águas negras naquele ponto da Matola. As águas negras são provenientes das cadeias de Máxima Segurança e Central, bem como o Hospital Geral da Machava.