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Agricultura sustentável necessita de inovação e pesquisa aplicada no país 

O país e o mundo vivem um momento particular no que se refere à produção de alimentos. Cada vez mais, as técnicas usadas durante o cultivo são importantes para os produtores e para os consumidores. Por isso mesmo, a sexta edição da MOZGROW, neste segundo dia, reflectiu sobre a inovação e pesquisa aplicada em agricultura sustentável.

Na Arena 3D, na Catembe, Cidade de Maputo, três intervenientes juntaram-se num painel, que procurou elaborar uma radiografia do sector da agricultura, sempre focado em propostas sólidas.

Como que a lançar o debate,  Gabriel Viegas, Director da Faculdade de Engenharia e Agricultura da UnISCED, ao defender que a produção de alimentos depende de uma sustentável inovação e pesquisa aplicada, referiu-se à importância do aumento de áreas no processo de produtividade agrícola.

Para o orador, a expansão horizontal da produção, combinada com a intensificação da agricultura, com duas ou três campanhas na mesma área e com aumento de produção de estratégia tecnológica e investigação aplicada, é um factor determinante.

Visto que as plantas não crescem sem água, o Director da Faculdade de Engenharia e Agricultura da UnISCED defendeu que o uso racional do líquido, de fertilizantes e a capacitação dos agricultores são práticas imprescindíveis. De seguida, avançou a necessidade de se ter atenção à importação de sementes mediante à sua adaptabilidade dos solos. De contrário, “podemos importar e as sementes não germinarem”.

Como produzir sem causar problemas para o planeta? A esta pergunta retórica, Viegas respondeu: “Com agricultura sustentável, que permite pensar nas gerações vindouras, com recursos a usar de forma consequente, com uso  mínimo  de pesticida e fertilizantes, com gestão consciente”.

Antes de concluir, Gabriel Viegas defendeu, também,   a importância de se formar as pessoas. “Só assim poderemos garantir a produtividade e a sustentabilidade. Temos de capacitar as pessoas que trabalham com os agricultores”.

A reflexão sobre o tema proposto na sexta edição da MOZGROW foi continuada por Sebastião Famba, da Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal da Universidade Eduardo Mondlane (UEM). O orador iniciou a sua intervenção debruçando-se sobre a agricultura  e resiliência climática, onde fez menção aos estudos realizados pela sua instituição nas zonas costeiras do Sul do país, designadamente, Maputo, Gaza e Inhambane. O objectivo é avaliar o desempenho das práticas agrícolas  feitas e desenvolver com agricultores cenários para a sua intensificação.

Assim, as pesquisas da Universidade Eduardo Mondlane incluíram um estudo diagnóstico participativo, com envolvimento de grupos que abarcam a cadeia de valor, com atenção para a diversificação cultural, protecção dos recursos, redução de insumos e de fertilizantes.

Sebastião Famba propôs a identificação de modelos de intensificação agrícola que não põem em causa o ambiente e o investimento na monitoria dos resultados alcançados.

Binaíssa Castiano, do Instituto Politécnico de Manica, por sua vez, começou por lembrar que as mudanças climáticas prejudicam os rendimentos dos produtores nacionais. Apontou alguns exemplos de constrangimentos nas províncias de Tete e Manica e revelou que a sua instituição tem levado culturas que melhoraram a estrutura do solo.

Na sua abordagem, o orador disse, ainda, que, nas suas actividades, o Instituto Politécnico de Manica pensa, não só na alimentação em si, mas, igualmente, na questão de renda.

Tendo em consideração pesquisas realizadas em dias de campanhas do ano passado e deste, “vimos que cultivo em faixa de feijão-boer e algodão dava melhores resultados em termos de consistências”, e acrescentou: “O cultivo de gergelim e milho também dá resultados satisfatórios. Mas são apenas os resultados preliminares, pois precisamos validar os dados deste ano”.

Outra estratégia adoptada pelo Instituto Politécnico de Manica foi a introdução de quintais produtivos, seleccionados por serem adequados para obtenção de melhores rendimentos e redução da falta de alimentos na comunidade. “A comunidade deve ser informada e formada em negócio e maneio das áreas produtivas, de modo que as suas práticas possam reflectir no rendimento económico”, explicou Castiano.

Já a terminar, Binaíssa Castiano apontou para os resultados das pesquisas que não são implementados nos locais indicados, como um dos principais constrangimentos para o sector da agricultura sustentável. E acrescentou que, nas zonas com maior produção agrícola, têm-se verificado problemas de escoamento devido às péssimas qualidades de estrada.

Assim, o país vê-se obrigado a depender da África do Sul até para importação de tomate. “Os nossos produtos não circulam. Algumas políticas e alguns decisores políticos não estão interessados em alavancar a produção agrícola interna. E ainda temos o problema de aprovação de leis inerentes ao tipo de mecanismo a adoptar para a produção”.

A sexta edição da MOZGROW continua esta tarde, na Arena 3D, na Catembe.

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