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Agricultura no país: Gaza é mero produtor de matéria-prima, diz Jaime Neto

O secretário de Estado em Gaza diz que, apesar do enorme potencial, Gaza não passa de um “mero produtor de matéria-prima para os mercados nacional e internacional”. Jaime Neto afirma ainda que a produção está longe de responder à necessidade da população.

A província de Gaza tem elevado potencial para um sector agrário diversificado, competitivo e dinâmico. No entanto, de acordo com secretário de Estado na província, Jaime Neto, a fraca transformação e modernização do sector reduziu a província a um “mero produtor de matéria-prima”.

“Na agricultura, para além de extensas áreas ociosas, enfrentamos grandes desafios de mecanização, disponibilidade e uso da semente melhorada, deficiências no sistema de regadio de campos, facto que coloca Gaza como mero produtor de matérias-primas para os mercados nacionais e internacionais. O seu aproveitamento continua aquém das expectativas e das reais necessidades da nossa população”, sublinhou.

Jaime Neto defende que é preciso mudar esta realidade e propõe soluções, entre elas a melhoria das infra-estruturas agrárias, investimento e recursos tecnológicos para dinamizar a cadeia produtiva.

“A dinamização destes e de outros sectores vitais para a nossa economia, para além de estimular o desenvolvimento económico, podem contribuir na resposta a vários outros desafios, que incluem o desemprego, e na disponibilidade de produtos de primeira necessidade a preços acessíveis”, concluiu.

O governante falava durante a sessão do Fórum de Consulta e de Concertação Social (FOCCOS), onde, entre outros, foi discutido o ambiente de negócios pós-protestos eleitorais. A Confederação das Associações Económicas (CTA) questionou o ponto da situação da dívida com os fornecedores há quatro anos.

“Excelência, ficamos muito satisfeitos com o pronunciamento do Governo sobre o início de pagamento de dívidas com fornecedores no plano dos 100 dias, mas consta que nenhuma empresa da província de Gaza foi paga”, apontou Ernesto Mausse, presidente do pelouro de Negócio e Turismo na CTA.

Outro ponto em destaque foi o impacto do salário mínimo no sector privado.

“Estamos preocupados com o salário que é pago aos trabalhadores nas empresas. A lei diz que o trabalhador deve ser remunerado em função da quantidade e qualidade do trabalho que presta, mas posso dar exemplo de uma empresa de comércio. Lá encontramos que o promotor de vendas recebe o mesmo salário que um carregador. E isso não é justo”, reclamou Ana Leonardo, da Organização dos Trabalhadores Moçambicanos (OTM) em Gaza.

Na sequência dos protestos pós-eleitorais, quatro empresas fecharam as portas, deixando 80 pessoas no desemprego na província de Gaza.

CTA DEFENDE BANCO AGRÍCOLA PARA FINANCIAR AGRO-NEGÓCIO

O presidente da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), Álvaro Massingue, defendeu, ontem, em Nampula, a criação urgente de um banco agrícola com capacidade financeira e enquadramento legal para impulsionar os sectores produtivos, sobretudo o agro-negócio.

Segundo escreve a AIM, Massingue lançou o apelo na abertura da primeira Conferência Internacional de Nutrição e Agro-Negócios de Nampula, que reúne mais de 300 participantes dos sectores público, privado, sociedade civil e partidos políticos. “É urgente a criação de um banco agrícola robusto para financiar o agro-negócio. O momento de agir é agora”, afirmou o líder da CTA, citado pela AIM.

Massingue lembrou que Moçambique possui 36,5 milhões de hectares de terras aráveis, mas apenas 15 por cento estão em produção, situação que considera exigir transformação imediata.

Também alertou para a desnutrição crónica, que atinge 37 por cento das crianças moçambicanas, número que sobe para 47,6 por cento em Nampula, comprometendo o desenvolvimento cognitivo e a futura inserção no mercado de trabalho.

“Ou continuamos a importar alimentos e pobreza, ou produzimos localmente, alimentamos melhor o nosso povo e criamos riqueza. O sector privado tem aqui um papel central”, destacou.

Reafirmou ainda o compromisso da CTA com a nutrição, sublinhando que “não é apenas saciar a fome, mas garantir dignidade, saúde e desenvolvimento humano”. O presidente da CTA convidou os empresários a transformarem os desafios do país em oportunidades de negócios sustentáveis e socialmente responsáveis.

A conferência encerra nesta sexta-feira e antecede a Feira Económica de Nampula, a decorrer de 11 a 13 de Julho.

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