Segundo Jean Piaget, a aprendizagem é um processo de construção e reconstrução de conhecimentos a partir da acção do sujeito sobre o objecto, ou seja, um método de edificação das estruturas cognitivas, resultante da interacção entre o indivíduo e o meio.
Nesse sentido, o Homem constrói as suas estruturas cognitivas (pensamento, linguagem, imaginação, memorização, etc.) a partir de níveis de pequena complexidade, típicos de um bebê, para níveis mais complexos como a capacidade de pensar abstratamente.
Em outras palavras, quando necessitamos conhecer algo, seja uma informação ou uma ideia, mobilizamos (em nossa mente) mecanismos que vão nos permitir restabelecer o equilíbrio, ou seja, agir para atender ou satisfazer aquela necessidade. Portanto, a aprendizagem é um rocesso de equilibração progressiva, uma passagem de um estado de menor equilíbrio para um estado de maior equilíbrio.
Em consonância com Edgar Morin, existem dois possíveis factores que podem vir a desviar as mentes do real entendimento do pensamento complexo. O primeiro factor se refere ao engano de acreditar-se que a complexidade conduz à eliminação da simplicidade. Na visão deste autor, a complexidade surge na falha da simplicidade e integra tudo aquilo que põe ordem, clareza, distinção e precisão no conhecimento.
Nesse caso, o pensamento complexo agrega todos os possíveis modos simplificadores de pensar e não possibilita espaço às implicações redutoras, unidimensionais, mutiladoras, enquanto o pensamento simplificador desfaz a complexidade da realidade.
O segundo factor se refere à confusão entre complexidade e completude. Para Morin, o desejo maior da complexidade consiste em dministrar as articulações entre os diferentes campos disciplinares que são desmembrados pelo pensamento separativo ou pela aprendizagem fragmentada.
Assim, para Morin, o pensamento complexo busca o conhecimento multidimensional. Porém, cabe-nos sublinhar, a obtenção de conhecimento por completo é impossível de se alcançar. Este, no entanto, se configura como um dos postulados da complexidade que para
Morin a impossibilidade de uma onisciência se constitui, de facto, em teoria. Em termos gerais, onisciência significa ter conhecimento de tudo, sem qualquer limite ou desconhecimento.
Nesse sentido, temos a destacar a ideia de que a aprendizagem torna-se significativa quando o indivíduo estabelece crítica e activamente uma relação entre diferentes ideias, conceitos ou proposições relevantes e inclusivos disponíveis na sua estrutura cognitiva, funcionando como âncoras.
Na visão de David Ausubel, essa aprendizagem é construída a partir da relação que o indivíduo estabelece entre as novas informações ou novos conhecimentos com um aspecto relevante existente na sua estrutura cognitiva inicial. Nessa interacção, ocorre um processo de modificação mútua tanto da estrutura cognitiva prévia como do material que é aprendido.
Para Ausubel, o factor mais importante da aprendizagem é o conhecimento prévio do sujeito, na medida em que é a partir do que já se sabe que a aprendizagem significativa ocorre, pois os conhecimentos prévios servem de suporte para o novo conhecimento.
Em concordância com Ausubel, defendemos que o conteúdo aprendido significativamente possibilita o surgimento de novos conceitos integradores no indivíduo, tornando-se intrinsecamente menos vulnerável do que as associações arbitrárias e, portanto, ficando mais fácil de ser memorizado.
Todavia, para que a aprendizagem significativa ocorra o material a ser aprendido deve se relacionar com algum aspecto relevante da estrutura cognitiva do sujeito, de maneira não arbitrária, e deve apresentar a propriedade de ser relacionável (incorporável) à estrutura cognitiva do sujeito, particularmente com as ideias relevantes existentes (subsunções).
Finalmente, cabe-nos sublinhar que para que essa aprendizagem efectivamente ocorra no nosso Sistema de Ensino existe um conjunto de desafios tanto para o professor quanto para o aluno, que precisam ser devidamente encarados.
O aluno precisa interagir crítica e activamente com os professores e com os seus pares para que possam testar e aprimorar as suas estruturas cognitivas, à medida que vai sendo desafiado e tendo a possibilidade de ver diferentes formas de solucionar problemas.
O professor deve intervir no processo propondo situações didácticas desafiadoras que permitam ao aluno avançar na construção do conhecimento. Não se trata necessariamente de deixar os alunos agirem espontânea e isoladamente, mas de dirigi-los na realização das actividades, deixando-os livres ao mesmo tempo.
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