A administradora da Cimentos da Beira, nomeada pelo Tribunal Judicial da Província de Sofala, no âmbito de um processo de insolvência, está a usar um Boletim da República falso para ter acesso às contas bancárias da empresa. O SERNIC confirma a falsidade do documento e, segundo avançou ao “O País”, o caso está a ser investigado pelas autoridades.
Em Outubro do ano passado, o Tribunal Judicial da Província de Sofala decretou uma insolvência na fábrica Cimentos da Beira, na sequência de um processo que decorria há mais de um ano, de acordo com uma sentença na posse do jornal O País. A sentença decidiu, entre outros pontos, afastar a antiga administração e nomear uma administradora da insolvência.
Dias depois, o Serviço Nacional de Investigação Criminal recebeu uma denúncia indicando que a administradora estava a usar um Boletim da República falso para ter acesso às contas da empresa, assim como firmar acordos para a operacionalização da fábrica.
Nesta terça-feira, 10 de Dezembro, o SERNIC confirmou que o Boletim da República é mesmo falso. De acordo com um documento da Imprensa Nacional, assinado pelo presidente do Conselho de Administração, decorre, na instituição, um processo de averiguação para apurar a falsidade do Boletim da República. Pretende-se, igualmente, identificar os autores.
O caso já está na posse do Gabinete Provincial de Combate à Corrupção. A mesma denúncia indica que a administradora garantiu aos trabalhadores, na altura em que foi nomeada, que os seus postos de trabalho não estavam em risco. No entanto, a actual administração rescindiu o contrato com um dos antigos trabalhadores seniores e indemnizou-o, por razões desconhecidas.
A empresa deixou de produzir há mais de um mês, por falta de matéria prima, facto que está a contribuir para a crise de Cimentos na Beira, e os trabalhadores temem pelos seus postos de trabalho.