Iniciou hoje o apagão dos emissores analógicos de televisão para poder iniciar a transição para sinal digital. Esta é a primeira fase, que vai até 30 de Setembro e serão desligados os sinais das cidades de Maputo, Nampula e Tete.
Com o apagão dos emissores analógicos, algumas famílias desses pontos do país, que usam o sinal analógico, não mais terão acesso ao sinal de televisão a não ser através de descodificadores.
Segundo Adilson Gomes, responsável pelo processo de migração digital nesta primeira fase, que vai até 30 de Setembro, serão desligados 16 emissores em todo o país e,na segunda fase, que vai até final do ano, seguir-se-ão outros 14 emissores das zonas mais remotas.
Os primeiros pontos serão Namaacha, Xai-Xai, Chókwè, Maxixe, Vilanculo, Beira, Chimoio, Quelimane, Tete, Nampula, Ilha de Moçambique, Nacala, Pemba, Lichinga e Cuamba.
“O Governo determinou que, a partir do Outubro do ano passado até 30 de Setembro, devíamos iniciar o processo de desligamento do sistema analógico e, por via disso, o Instituto Nacional de Comunicações determinou que, a partir do dia 20 de Setembro, deveria ocorrer o desligamento, e já iniciamos”, disse Gomes.
Conforme explicou, as três províncias que iniciam foram escolhidas por estarem mais avançadas no processo de migração digital.
Até à tarde desta segunda-feira, alguns canais ainda funcionavam no sinal analógico, mas foi determinado que, até à última hora do dia, todos deverão desligar os seus sinais.
Assim, para ligar os televisores analógicos será necessário ter acesso aos descodificadores vendidos pela empresa de Transportes, Multiplicação e Transmissão (TMT), operador público, responsável pela transmissão que, conforme explicou ao “O País” o PCA da instituição, Vítor Mbembe, já conta com mais de 300 mil clientes e espera alcançar até ao fim do ano meio milhão.
“A TMT tem algumas vantagens, nós fazemos a verdadeira migração, pois mesmo com o desligamento dos canais nacionais no sistema analógico, com o descodificar o usuário migra automaticamente, ele só compra o descodificador e sem pagar as mensalidades continua a acompanhar todos os 22 canais nacionais”, assegurou Mbembe.
Disse, ainda, que, para o processo, foram investidos na globalidade cerca de 156 milhões de dólares.
Entretanto, algumas famílias na Cidade de Maputo, apesar de não se oporem à migração, queixam-se de não estar em condições de adquirir um descodificador.
“Estamos a evoluir e isso é bom, mas eu, por exemplo, não tenho condições de comprar o descodificador, até posso conseguir o dinheiro para comprar, mas e depois?! As mensalidades como farei para pagar”, lamentou José Alberto, residente no bairro Luís Cabral.
Segundo o munícipe, logo nas primeiras horas, quando ligou a televisão, percebeu que havia falta de alguns canais e “não fiquei espantado, porque já sabia que isto ia acontecer, mas não esperava que fosse agora”.
Enquanto isso, algumas lojas na baixa da Cidade de Maputo verificavam enchentes de clientes em busca do descodificador, mas também os comerciantes reclamavam da falta de stock, devido à demanda dos últimos dias.
A segunda fase do processo vai até 31 de Dezembro e o país já devia ter emigrado para o sinal digital em Junho de 2015.