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MOZGROW abre quinta edição e busca soluções para eficácia das cadeias de valor

Arrancou hoje, na Arena 3D, KaTembe, em Maputo, a quinta edição da feira nacional de agronegócio, MOZGROW. O evento vai durar três dias, juntando mais de 30 empresas nacionais e internacionais.

É a edição número 5 da maior feira de agronegócios do país, uma oportunidade única para reflectir e mostrar o que de melhor se faz no sector em Moçambique.

Num ano em que são esperados mais de dois mil participantes e acima de 30 empresas para exporem seus produtos e serviços, o Presidente do Conselho de Administração da DHD Holding and Consulting, Daniel David, fez o discurso de abertura, abordando a importância de debater sobre competitividade e crescimento no agronegócio no moçambicano.

“A agricultura, o agronegócio na sua plenitude, é algo que impacta as nossas vidas. É algo fundamental para que cada um de nós se sinta representado neste projecto”, disse Daniel David, acrescentando que “não há nada que se faça e que não passe pelo agronegócio. Na nossa vida, a nossa saúde e desenvolvimento intelectual, passam pelo agronegócio porque tudo que começa na terra e termina na mesa das nossas casas e junta famílias passa pelo agronegócio”.

E é por isso que desta vez, a MOZGROW grow foi transformada num espaço de excelência para aqueles que fazem o dia-a-dia do agronegócio. Segundo o PCA da DHD “são as empresas que vão garantir que, de hoje em diante, este projecto cresça, tenha dinamismo e uma sustentabilidade que traga retorno às próprias empresas”.

A esta nova característica adicionar-se-ão novidades em relação ao futuro. Daniel David anunciou que “a próxima edição da MOZGROW vai ter parceiros estratégicos vindos de vários países, principalmente do Brasil”. Tal como referiu “fechamos um protocolo com associações empresariais do Brasil e vai ser um MOZGROW baseado naquilo que é a indústria 4.0, onde a tecnologia tem um papel muito importante na dinamização e para que se dêem passos qualitativos para que as empresas queimem etapas e sejam mais competitivas”, avançou.

Para o BCI, um dos parceiros estratégicos do projecto, mais do que um espaço de debate, a feira MOZGROW tornou-se num lugar de busca de soluções para os desafios do agronegócio no país. “Quando, há cinco anos, nos juntamos à MOZGROW tínhamos consciência da importância de uma plataforma desta dimensão onde os principais intervenientes da cadeia produtiva comercial e industrial juntam sinergias para alavancar a economia moçambicana tendo como base no agronegócio”, disse, intervindo na sessão de abertura, Hugo Costa, Director de Grandes Empresas do Banco Comercial e de Investimentos, BCI. Acrescenta que o BCI é o parceiro natural desta iniciativa, desde o início, estando presente em todas as feiras realizadas subsequentemente, em reconhecimento também do elevado potencial do agronegócio em Moçambique”.

A quinta edição da MozMOZGROW grow decorre até sexta-feira sob o lema: “competitividade e crescimento”. Espera-se que as empresas participantes firmem parcerias e troquem experiências ligadas ao sector do agronegócio.

 

ORADORES DEFENDEM QUE MOÇAMBIQUE DEVE DEFINIR CADEIAS DE VALOR PRIORITÁRIAS

A feira nacional de agronegócio 2023 abriu a debater as condições necessárias para melhorar as cadeias de valor de produtos como a banana e os resultantes da avicultura.

Em nome da CITRUM, empresa que produz e comercializa citrinos e bananas, Romeu Rodrigues apontou que a eficácia dessas cadeias passa pelas seguintes medidas. “Numa lógica de exportação aquilo que eu julgo que neste momento está a limitar mais a exportação da banana é o facto de termos um metical forte em relação ao rand porque isso distorce em relação ao mercado sul-africano.

Na perspectiva da expansão eu julgo que o mais importante vai ser sempre a cadeia de logística e ela inclui o frio e transporte. Se por exemplo for aberto para nós o mercado do médio oriente nesse momento vai ser necessário que o Porto de Maputo tenha condições logísticas para que o produto exportado chegue em condições ao destino”, afirmou.

Mas não é tudo. Na cadeia de valor do frango, Rui Gomes Director Geral da Frango de Mahubo diz que é preciso tornar mais acessível o custo dos insumos.

“No frango por exemplo são 170 meticais, por cada unidade, o custo da ração. O custo é enorme, isso sem falar do custo do pinto, que pelo facto do ovo não ser produzido internamente chega a ter que ser importado da Turquia”, disse.

Para o académico Hélder Zavale, não é possível a curto prazo tornar eficazes todas as cadeias de valor, daí que é preciso definir prioridades. “Temos que definir três, quatro ou se calhar cinco cadeias de valor prioritárias e não uma lista de 20 ou 30 cadeias de valor estratégicas. Isso não significa que não se vai dar importância às outras cadeias de valor mas que, para as prioritárias, deveria-se criar condições para a melhoria do ambiente de negócios, adicionando facilidades de acesso a financiamento”, afirmou.

Arnaldo Ribeiro da Associação dos Produtores de Banana alerta que se tem ignorado a importância de acautelar a saúde das plantas e dos animais. “O país deve criar na minha opinião uma autoridade com poderes verdadeiros nesta questão da fitossanidade, porque o departamento nacional que trata desse assunto acaba não tendo poder nenhum porque o director provincial, distrital ou o inspector que está no porto também emitem ordens. Acaba não havendo poder nenhum, também porque as pessoas são muito susceptíveis ao refresco”. Os painelistas defenderam a necessidade de maior publicitação da produção nacional para que tenha mais aceitação pelos consumidores.

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