Josefina Massango e Maria Atália entendem que os actores e encenadores precisam do apoio do público nas salas de teatro para que continuem a representar. As duas actrizes participaram, na Cidade de Maputo, num debate inserido na 18ª edição do Festival Internacional Teatro de Inverno.
Josefina Massango e Maria Atália estiveram juntos, quarta-feira, para trocar ideias sobre o teatro em Moçambique. Numa sessão realizada no Museu Mafalala, na Cidade de Maputo, as duas actrizes falaram de tudo um pouco numa conversa aberta a artistas, gestores culturais e jornalistas.
À margem da conversa que durou mais ou menos uma hora, Josefina Massango e Maria Atália foram unânimes ao afirmar que os actores, encenadores e todos aqueles que vivem de teatro precisam do apoio do público nos teatros, de modo que a arte da representação torne-se sustentável para os artistas que investem tanto de si para estar no palco. “É importante que as pessoas assistam às nossas peças, que nos dêem apoio, que façam uma análise crítica do nosso trabalho e que escrevam sobre as nossas peças nos jornais. Isso é muito melhor do que nos dar 100 milhões de dólares, se estiverem sentados em casa”, afirmou Maria Atália, reforçando que, quando o público está presente e compromete-se com os espectáculos teatrais, os actores e encenadores têm mais possibilidades de evoluir.
Além da presença do público nas salas de teatro ser importante para os artistas do palco, Josefina Massango lembrou que as pessoas constroem-se através da arte. “Um banho de cultura sempre faz falta e, se for em forma de arte, é ainda melhor”.
Na sessão inserida na 18ª edição do Festival Internacional Teatro de Inverno (FITI), iniciativa organizada pela Associação Girassol, Josefina Mssango e Maria Atália debateram sobre a condição da mulher no teatro e aproveitaram para tecer alguns esclarecimentos em relação à subalternização forçada da mulher. “Eu acho que nós tentamos desconstruir um pouco a ideia que se vai construindo sobre este tema. Continuo a dizer que a mulher tem o seu espaço, a mulher conquista o seu espaço e ela quer conquistar o seu espaço”, disse Josefina Massango.
Já Maria Atália ainda acrescentou que as sessões de conversa inseridas no FITI são fundamentais porque permitem a desconstrução de armadilhas que se enraízam nas mentes das pessoas sem que se dêem conta disso.
Ainda no FITI, no caso, no Teatro Avenida, esta quinta-feira, sempre na Cidade de Maputo, a jornalista e académica angolana, Agnela Barros, debruçou-se sobre o tema “Diplomacia cultural”. A sessão moderada por Dionísio Bahule serviu para pensar o intercâmbio dos artistas moçambicanos e angolanos. “Nós queremos dialogar porque achamos isso importante. E, dentro do espírito pan-africanista, achamos que não devemos nos fechar ao nosso território. E a minha interrogação é: será que não podemos fazer diplomacia cultural com os artistas moçambicanos?”.
A pergunta retórica colocada por Agnela Barros não foi respondida por nenhum participante, mas, como diz a velha máxima, quem cala consente.