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ACNUR diz que deslocados do terrorismo precisam de assistência para salvar suas vidas

O Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados alertou, hoje, em comunicado, para a gravidade dos novos ataques em Cabo Delgado. O ACNUR diz que as populações precisam, urgentemente, de assistência para salvar as suas vidas, incluindo acesso a alimentos, abrigo e serviços básicos. A organização considera “prematuro” o regresso das populações às zonas de conflito.

O Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados está preocupado com a onda de deslocados provocados pelos ataques terroristas em vários distritos de Cabo Delgado. A organização revela o receio de, nos próximos tempos, agravar-se o drama humanitário com a incursão dos insurgentes que, no passado dia 5 de Junho, atacaram a aldeia de Nanduli, no distrito de Ancuabe, a 35 quilómetros da capital provincial de Pemba.

O Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugidados diz ainda que os ataques protagonizados nas estradas condicionam, igualmente, a sua acção no terreno para minimizar o sofrimento das populações.

“O ACNUR está especialmente preocupado com a segurança e o bem-estar dos mais vulneráveis entre os deslocados, incluindo mulheres e crianças.”

O ACNUR manifesta, por outro lado, a sua preocupação com a incursão dos terroristas em corredores usados pelas organizações humanitárias para assistir as populações aterrorizadas, particularmente, nos distritos de Ancuabe, Chiúre e Montepuez. 

Na nota, o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados fala de cerca de 36 mil pessoas deslocadas em consequência dos ataques recentemente perpetrados pelos insurgentes, que provocaram mortes, “incluindo algumas por decapitação”, assim como  “várias casas incendiadas e bens saqueados, criando pânico em Ancuabe e nos distritos vizinhos”. 

A organização humanitária chama atenção para a necessidade de se prestar, urgentemente, assistência aos deslocados dos ataques terroristas. “As populações precisam de assistência para salvar as suas vidas, incluindo acesso a alimentos, abrigo e serviços básicos.”

Os ataques provocaram, segundo o ACNUR, pressão sobre os transportes, dado o facto de ter aumentado a procura. “Aumentaram significativamente devido à crescente procura. As pessoas continuam a viajar a pé e está exposta a riscos de protecção”, particularmente mulheres jovens.

Recentemente, algumas populações regressaram às suas zonas de origem. O ACNUR entende que esta não é a melhor opção nesta altura. O ACNUR destaca a importância de garantir que os retornos sejam seguros, voluntários e baseados em decisões informadas e que os serviços básicos sejam restabelecidos nas zonas de origem.

12 MIL PESSOAS FUGIRAM DE ATAQUES EM ANCUABE

Em Junho, a Organização Internacional das Migrações (OIM) estimava que quase 12.000 pessoas tenham fugido depois do ataque em Ancuabe. Segundo um relatório da OIM, mais de metade são crianças e há pelo menos 125 mulheres grávidas entre a população aterrorizada, parte da qual em fuga pela segunda vez, abandonando locais onde estavam a recomeçar a vida, facto confirmado por Carlos Almeida, da ONG Helpo, que tem vários projectos na região.

“Depois do ataque, no dia 5 de Junho, às populações quer de Ancuabe quer de Metuge, instalou-se um clima de pânico, sobretudo entre as pessoas deslocadas que assim que as notícias começaram a correr, abandonaram as aldeias para sítios onde se possam sentir em segurança”, disse Carlos Almeida.
A vaga de deslocados está a pressionar a capacidade de assistência humanitária naquela região, segundo a directora do Programa Alimentar Mundial (PAM) em Moçambique, Antonella D’Aprile

“Temos que manter a assistência a cerca de 941 mil pessoas em Cabo Delgado, Nampula e Niassa; são pessoas deslocadas e famílias hospedeiras que são vulneráveis. Com o anúncio de apoio dos EUA, estaremos capazes de ter um ciclo e meio de distribuição de alimentos, considerando que, para  assistir cerca de um milhão de pessoas, são necessários, mensalmente, cerca de 17.4 de dólares”, disse Antonella D’Aprile.

A subsecretária de Estado norte-americana para os Assuntos Políticos, Victoria Nuland, anunciou, na altura, que os EUA iriam desbloquear, anualmente, 14 milhões de dólares, por um período de dez anos, visando ajudar na reconstrução e criação de oportunidades de emprego, particularmente, em Cabo Delgado.

“Tenho o prazer de anunciar um apoio adicional de 14 milhões de dólares e este fundo faz parte de um programa de estabilidade a ser implementado pelo Governo norte-americano em dez países, incluindo Moçambique”, disse Nuland.

As populações precisam de assistência para salvar as suas vidas, incluindo acesso a alimentos, abrigo e serviços básicos.

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