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Abordagem de uso de máscara não pode ser coerciva, defendem académicos

O país está a usar os métodos coercivos e não de sensibilização para uso das máscaras e este facto pode levar as pessoas a mostrarem uma certa resistência, defendem alguns académicos, na cidade de Quelimane, província da Zambézia.

Os académicos entendem que se deve pautar pela sensibilização das pessoas nas zonas do interior, com destaque para locais onde se tem verificado, efectivamente, a negação do uso das máscaras.

As zonas do interior da província como mercados e feiras são um exemplo, até porque as nossas reportagens têm ilustrado isso.  Lino Samuel, académico e Reitor da Universidade Católica de Moçambique, em Quelimane, entende que o não uso das máscaras nas comunidades carece de profunda reflexão social e antropológica. O académico entende, pois, que a abordagem feita sobre o uso da máscara deve ser questionada.

“A abordagem não pode ser totalmente coerciva tal como temos estado a ver. A Polícia no terreno está a usar métodos coercivos, sem antes sensibilizar as pessoas, sobre a importância do uso da máscara. Quando falha esta sensibilização sobre a importância do uso da máscara, as pessoas tendem a fazer o inverso do obrigatório”, disse o académico, para quem o não uso da máscara não só se verifica nas zonas rurais, mas também nas cidades.

Lino Samuel defende, ainda, que as Universidades devem desenvolver pesquisas de fórum social e antropológico, para obtenção de resultados, que visam melhorar as abordagens das instituições que lidam com a pandemia da COVID-19.

“Esse comportamento do não uso das máscaras deve ser estudado e, nesse caso, as Universidades têm este papel. As Universidades podem fazer campanhas de sensibilização do uso das máscaras”, advogou o académico, tendo acrescentado que as instituições do ensino superior no país não devem ficar fechadas, pois os estudantes sensibilizariam as comunidades.

Eduardo Marcelo, outro académico e docente universitário, fez saber que a “a Polícia não pode usar a força para as pessoas usarem máscaras, por um lado e, por outro, “entendo que as Universidades devem avançar com campanhas de sensibilização das comunidades, para que este pensamento de usar máscara seja uma realidade”.

Por sua vez, David Mudzenguerere, Director Científico da Universidade Licungo, entende que as comunidades têm consciência da doença, mas é fundamental que se repense as abordagens de prevenção nos mercados, enquanto ponto de maior concentração.

“Se olharmos para os mercados, é possível notar que os métodos de prevenção desde água e sabão não existem”, notou David Mudzenguerere para quem o facto de não estar a haver rigor na higienização das mãos aumenta o risco de infecção pela doença.

Brain Tachiua, docente universitário, defende ser fundamental olhar para o nível de literacia da população nas zonas rurais. Mais do que isso, o académico entende que a campanha de sensibilização deve ser à escala nacional.

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