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A tempestade não passou em Magude

É o único distrito a nível nacional com mais gado bovino que pessoas: 85.386 cabeças contra 62 000 habitantes. Mas a seca severa que se abateu sobre o país de 2014 a 2016 matou pouco mais de dez mil bovinos.

“É triste. É triste!”, repetiu Ezequiel Machaila, num tom de resignação e explica-se melhor: “é triste porque isto atrasou um passo da economia das populações desta zona. Não é por acaso que aqui em Magude há mais população bovina que população humana”.

Com mais de 60 anos de idade, nunca tinham atravessado um período de seca com um impacto tão severo. No universo de cerca de duas mil cabeças que soma na propriedade em que trabalha, no posto administrativo de Motaze, naquele distrito, 450 morreram. Uma verdadeira manada que se considerarmos um custo médio de 20 mil meticais por cabeça, o prejuízo ronda os 9 milhões de meticais – quantia equivalente ao fundo de desenvolvimento que o Estado aloca anualmente a cada distrito.

Exemplos de tantas perdas são muitos em Magude. João Ferreira soma quatro mil animais distribuídos em diversas propriedades. Perdeu 150. Nem os seus mais de 60 anos de experiência de criação evitaram esse balanço negativo. O criador sabe muito bem onde falhou.

“Eu não estava preparado para enfrentar a seca. Estava habituado aos anos normais em que são alguns meses ou um ano e depois chove. E também nós tivemos uma guerra e isto estava tudo deserto, não havia população e nem havia necessidade de fazer confinamento de gado porque quando não havia pasto num lado, havia noutro. Agora há mais população e muito gado e há escassez de pasto. Esta seca veio agudizar”.

O administrador Lázaro Mbambamba diz que os criadores aprenderam com os erros do passado e devem transitar para uma fase de criação de gabo aplicando técnicas mais proactivas para não depender da natureza.
 

 

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