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A noite dos irmãos Novela 

Facto: os campeões nacionais foram mais esclarecidos na quadra. Cometeram menos erros que o seu adversário. E mais: tem, de sobra, soluções e maior ritmo competitivo para revalidar o título. Ontem, num jogo em que até entrou mal, o conjunto de Milagre “Mila” Macome teve, inicialmente, dificuldades para fazer face à defesa homem homem adoptada pelos vice-campeões nacionais. De resto, “turnovers” e falta de capacidade para girar melhor a bola e colocá-la dentro e fora para aparecerem os atiradores, foram nota dominante.

Os “locomotivas” do Chiveve, esses, tiveram no jogo interior- onde o musculado e combativo Elton Ubisse foi destaque- a força do seu jogo. Com 7:23 segundos por se jogar no primeiro quarto, o Ferroviário de Maputo ainda não havia feito pontos. Não tinha esclarecimento ofensivo. Sentia dificuldades para fazer os ataques de posição. “Time out”, ou seja, desconto de tempo pedido para fazer os ajustes na sua equipa. Veio, depois, o Ferroviário de Maputo que todos nós conhecemos: forte nas transições em contra-ataques, com o extremo Hermelindo “Mindo” Novela a ser uma unidade desequilibradora. No final do primeiro quarto, a marcha do marcador indicava 19-11, vantagem de oito pontos para o Ferroviário de Maputo. Havia que corrigir, por parte de Nazir “Nelito” Salé, o balanço defensivo da sua equipa. Faltavam os bloqueios defensivos.

O Ferroviário de Maputo mostrava capacidade de salto e luta nas tabelas. Consequência? Muitos pontos marcados nas segundas bolas. O segundo trouxe um Ferroviário da Beira a passar de uma defesa homem homem para à zona 2-3. Ainda assim, os “locomotivas” da capital conseguiram criar desequilíbrios ofensivos com penetrações quer pelo corredor central, quer pela linha de fundo. Nessa etapa do encontro, Nelito fez alterações ao nível da posição um, com o sérvio Bojan Seckiki a fazer a armação do jogo, em troca com o veloz Ivan Cossa. 

O Ferroviário de Maputo fez pressão, defesa dois contra um, forçando o seu adversário a cometer muitos “turnovers”. Os campeões nacionais foram alargando a sua vantagem. Nazir Salé pediu um desconto de tempo. E a sua equipa respondeu bem na quadra. Com uma defesa a toda a largura do campo sobre o base Orlando Novela (exercida por Ivan Machava), os donos da casa foram depois reduzindo a desvantagem. Luís “Lulu” de Barros sentia dificuldades para fazer a armação do jogo da sua equipa. Macome, apercebendo-se deste cenário, lançou para o jogo Pio Matos Jr, jogador que regressou às quadras após uma lesão sofrida nas vésperas da competição. No final do segundo período, o Ferroviário de Maputo comandava a marcha do marcador:37-31. E voltou melhor para o terceiro quarto com dois tiros exteriores de Custódio Muchate, uma unidade que tem aparecido a jogar mais em zonas distantes do cesto nos últimos tempos com lançamentos exteriores. 

O Ferroviário da Beira fez dois ataques sem esclarecimento, o seu adversário respondeu com contra-ataques. Os “locomotivas” da capital dispararam, nessa altura, para uma vantagem de 17 pontos. E, para piorar a situação, Elton Ubisse, a sua melhor unidade, ficou no limite das faltas: 4. Ao cabo do terceiro período, os campeões nacionais venciam por 64-47. No quarto e decisivo período, o Ferroviário da Beira procurou pressionar para discutir o jogo. Com lançamentos exteriores de Bojan Seckiki e Ismael Normamad, ganharam algum alento. Mas, defensivamente, persistiam os erros. E o conjunto de Milagre Macome soube aproveitar este facto para vencer o jogo por 86-68. Hoje, o dia será reservado ao descanso e sexta-feira terá lugar o jogo dois do “play-off” da final, a melhor de cinco. Destaque, em termos individuais, para Ermelindo Novela que contabilizou 24 pontos, quatro ressaltos durante os 33:12 minutos em que esteve na quadra. O mesmo foi bem secundado pelo espanhol Álvaro Maso que colectou um duplo-duplo: 22 pontos e 10 ressaltos.

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