Certa vez, a mão perguntou aos dedos:
— Qual de vós faz de mim um órgão especial?
O mínimo apressou-se a responder:
— Com certeza ter um dedo pequeno para esgravatar o nariz faz de ti um órgão muito especial.
O anelar imediatamente sacudiu a cabeça, em repúdio indisfarçável.
— A mão — disse ele — só é especial porque tem um dedo no qual se introduz um anel matrimonial.
O médio não se demorou a dizer todo anafado de orgulho:
— Ter um dedo que se destaca entre os demais, sem sombra de dúvidas, faz da mão um órgão especial.
O indicador respondeu muito sério, logo a seguir:
— Sem mim, a mão não teria como apontar as pessoas e as coisas.
O polegar, nos outros dedos, reparou, antes de dizer:
— Não concordo com o que dizem, pois o que seria da mão se não existisse um dedo para dizer que “Está tudo bem!”?
E depois de ouvir com muita atenção as respostas de todos dos dedos, a mão disse, sorrindo como nunca tinha o feito até aquele dia:
— Infelizmente, todos vocês não souberam responder. Foi o braço quem o disse: ter dedos que saibam que sozinhos podem pouco e juntos podem muito é o que faz de mim um órgão muito especial.