Há cada vez mais pessoas a optarem pelo transporte ferroviário nos últimos seis meses, devido ao actual custo de vida, segundo dizem os utentes. Os Caminhos-de-Ferro de Moçambique (CFM) prevêem aumentar mais de 50 veículos para atender à demanda.
Durante dois anos, os CFM tiveram que restringir as suas actividades no transporte de passageiros devido à pandemia da COVID-19. Se antes da pandemia, os CFM registavam uma média de 14 mil passageiros por dia, agora o número subiu para 16 mil passageiros.
Mas, por que houve um aumento de passageiros?
“Devido ao custo de vida de hoje em dia, pagar o ‘chapa’ é muito difícil, por isso nós frequentamos muito o comboio”, justifica Cifa Mondlane, trabalhadora doméstica.
“O meu salário não chega para eu apanhar o transporte semi-colectivo, o comboio é mais barato”, salienta José Luís, motorista de uma empresa privada.
“Para evitar o congestionamento e acho mais acessível e rápido”, explica Osvaldo Simango.
De acordo com o Instituto Nacional de Estatística, o movimento de passageiros no transporte ferroviário regista uma subida de 62,28% quando comparado com o período homólogo de 2021.
“Nós estamos a considerar lugares sentados, mas também tem alguma percentagem de passageiros que podem viajar a pé. Por minuto, na estação central, recebemos mais de 120 a 150 passageiros. Notamos uma grande procura, principalmente quando as aulas recomeçaram”, esclareceu Iara Popinsky, engenheira dos CFM.
Na estatística está Macimba Nebo, aluno da Escola Francisco Manyanga, que apanha o comboio desde que se iniciou o ano lectivo e relata os motivos: “Não costumo atrasar e o preço é reduzido. No transporte semi-colectivos normal, pago 24 Meticais e, no comboio, são 13 Meticais”, detalhou Nebo.
Mas não é só o preço do transporte rodoviário que o faz ter de subir o comboio. Nebo lembra o dilema que passa quando pretende apanhar o transporte rodoviário: “Tinha de ficar muito tempo na fila em Xiquelene, os cobradores também têm aquela mania de fazer entrevistas antes de apanhar o carro, o que me faz atrasar ainda mais”.
Quem também fez as contas e decidiu que o único caminho é o da ferrovia é Isac Simango: “Apanhando o comboio, o preço está um pouco mais acessível do que o ‘chapa’. Eu gasto 70 Meticais no comboio por dia”.
Devido à maior procura, foram incrementadas cerca de três carruagens para algumas rotas. “Para Matola-Gare, Ressano Garcia, Goba, Manhiça, Chókwè, tivemos este incremento de lugares oferecidos; por exemplo, para Ressano Garcia tínhamos 12 carruagens e aumentamos 3, ou seja, temos, agora, são 15 carruagens com capacidade de 150 lugares”, revelou a engenheira dos CFM.
Para responder à crescente demanda de passageiros, os CFM vão adquirir mais de 50 veículos para a Cidade de Maputo ainda este ano.