O académico Agostinho Zacarias diz que, apesar do terrorismo, Moçambique está preparado para o cargo de membro não-permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas. O presidente do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais destaca, no entanto, que, em caso de eleição, a diplomacia nacional deve criar uma equipa forte capaz de deixar um legado no organismo.
Moçambique é o único país de África, candidato a membro não-permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU), para o biénio 2023-2024. Um dos objectivos da sua candidatura é contribuir para a manutenção da paz e segurança internacionais.
A cerca de 10 dias da votação, o presidente do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais da Universidade Joaquim Chissano deu uma palestra sobre a importância e oportunidades com a pretensão, tendo afirmado que o país está preparado para o desafio, apesar do terrorismo em Cabo Delgado.
“Estamos sempre preparados. Algumas pessoas podem estar menos. Quando pela primeira tivemos que combater o colonialismo português, não tínhamos nem exército, mas as pessoas foram aprendendo a sobreviver nesse ambiente até lutarem e conseguirem a independência de Moçambique. É mesma coisa, tem que se começar com aquilo que nós temos”, referiu Agostinho Zacarias, presidente do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais.
O académico defende a capacitação de quadros do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, para que Moçambique deixe o seu legado, enquanto membro do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
“Tem uma agenda bastante grande, se nós formos, por exemplo, com uma equipa pequena, não conseguiremos, porque aí a nossa participação não será cabal, não será capaz de gerar frutos que possam ser respeitados no mundo global. Vai ser mais uma passagem de um país e que não é notória para ninguém”, disse o académico, destacando que a eleição de Moçambique a membro não-permanente do Conselho de Segurança se afigura importante, na medida em que “é uma grande responsabilidade, é por isso que, Moçambique deve preparar-se”.
Em relação à guerra entre a Rússia e a Ucrânia, o académico ressalta a neutralidade de Moçambique e defende que o país continue a guiar-se nos ideais da Organização das Nações Unidas.
“O posicionamento de Moçambique está claro. O país abstém-se porque é a favor da paz. Moçambique não apoia agressão ou armar os que estão a ser agredidos. Nós queremos forças que possam garantir a paz e a segurança internacionais. A nossa agenda é de segurança e paz internacionais”, esclareceu Agostinho Zacarias.
O Conselho de Segurança da ONU é composto por 15 países, dos quais cinco permanentes e 10 não-permanentes, que são eleitos pela Assembleia-geral para um mandato de dois anos.
Esta é a primeira vez em que Moçambique apresenta a sua candidatura, e as eleições terão lugar no dia 09 de Junho próximo.