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Alto custo de vida sufoca deslocados do terrorismo em Pemba

Foto: O País

A situação de alguns deslocados que vivem na cidade de Pemba, capital da província de Cabo Delgado, está cada vez mais difícil devido ao alto custo de vida.

A ajuda humanitária tende a reduzir, e o apoio que recebe das poucas organizações que ainda operam na província é considerado insuficiente.

“Continuamos a receber ajuda do Programa Mundial para Alimentação, que dá um cheque de três mil e seiscentos Meticais para levantamento de alimentos nas lojas, mas, devido ao aumento dos preços de produtos, estamos a passar muito mal”, reclamou Celina Vicente, uma deslocada oriunda do distrito de Muidumbe.

Segundo explicou a fonte, “antes conseguíamos comprar muita coisa com o valor que recebemos, mas agora, por causa do aumento dos preços, só dá para ter um saco de arroz, um de farinha e cinco litros de óleo”.

Além do aumento do custo de vida, a situação de Celina Vicente agravou-se este ano, quando o marido perdeu o emprego que tinha conseguido há cerca de um ano.

“Vivemos numa casa arrendada e, agora que perdi trabalho, não sei como fazer. Assim, estamos há dois meses sem pagar a renda e não sabemos até quando o dono de casa vai compreender a nossa situação”, disse Cornélio Bernardino.

Outra preocupação dos deslocados que vivem em Pemba é a falta de solidariedade das pessoas que aparentemente estão indiferentes ao sofrimento dos sobreviventes dos ataques terroristas.

“Não estamos felizes aqui. Na nossa terra, estávamos habituados a pedir sal ou água ao vizinho, mas aqui, em Pemba, quando pedimos alguma coisa, ninguém nos dá nada e ainda nos ofendem dizendo que somos deslocados. Esta situação é triste, porque esperávamos ter ajuda dos vizinhos e outras pessoas de boa vontade, mas, agora, ninguém está disponível para dar a mão”, revelou Muamina Amade, uma jovem deslocada que vivia em Mocímboa da Praia.

Devido à gravidade da situação humanitária dos deslocados, algumas famílias estão a pensar em voltar às suas origens, mas aguardam pelas orientações das autoridades.

“Estamos a pedir às autoridades, ao Presidente Nyusi e a todos para terminar com essa guerra para cada um voltar à sua casa, porque já não aguentamos mais este sofrimento, e o pior é que não estamos a ver os nossos pais, filhos e outros familiares; só ouvimos que morreram e é triste não poder enterrar os nossos entes queridos”, pediu Fátima Abdala.

A ajuda humanitária, segundo apurou o jornal “O País”, tende a reduzir, e algumas organizações não-governamentais pararam de prestar apoio aos deslocados.

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