O Chefe do Estado moçambicano, Filipe Nyusi, considera que o desdobramento de tropas do Botswana no combate ao terrorismo em Cabo Delgado está a reflectir-se no restabelecimento da paz nas zonas afectadas pelo extremismo violento.
Na sua intervenção no banquete oferecido pelo Presidente do Botswana, Filipe Nyusi destacou que este país sempre apoiou os esforços para a paz, com destaque para o Acordo de Paz e Reconciliação Nacional fechado em 2019, entre o Governo moçambicano e a Renamo, e agora combate aos terroristas em Cabo Delgado, integrado na força regional da SADC, a SAMIM.
“O sacrifício que os corajosos jovens das Forças de Defesa do Botswana têm conseguido no campo de batalha jamais será esquecido e nunca será em vão, porque devolve a paz e estabilidade nas zonas outrora afectadas pelos terroristas e pelo extremismo violento”, disse Nyusi, para quem acabar com o extremismo violento é uma das prioridades, mas estimular a economia, tendo em conta a existência de recursos em Moçambique e em Botswana, é também fundamental.
“Na área dos recursos minerais e energia, julgamos ser sensato priorizar acções de cooperação, que se faça aproveitamento da abundância dos recursos naturais, como o gás natural, fontes hídricas e outras renováveis para garantir a nossa segurança energética e dos países irmãos da SADC”, diz Nyusi, desafiando o empresariado a ser mais ousado face às oportunidades existentes. O Estadista disse esperar que o projecto de porto de águas profundas e linha férrea partindo de Techobanine, em Matutuine, Maputo, seja concluído para permitir melhor logística ferro-portuária e facilitar a exportação de mercadorias.
O Presidente do Botswana, por sua vez, afirma que não se vai render no combate ao terrorismo em Cabo Delgado, até porque a estabilidade na região é parte dos objectivos do órgão da SADC para a Política de Defesa e Segurança.
“A paz, a segurança e a estabilidade da nossa região são as principais prioridades da agenda de cooperação regional do Botswana, tanto agora, como durante o meu mandato como presidente do órgão da SADC para a Política de Defesa e Segurança. Não vamos render-nos. O sucesso SAMIM é fundamental nestes objectivos e deve ser alcançado”, diz Mokgweetsi Masisi.
Na visita de Estado a Botswana, Filipe Nyusi é acompanhado por uma delegação composta pela ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Verónica Macamo; dos Transportes e Comunicações, Janfar Abdulai; da Cultura e Turismo, Edelvina Materula, e deputados das três bancadas do Parlamento.
GOVERNO AINDA SEM CLAREZA DAS MOTIVAÇÕES DE EXPULSÃO DE FRANCISCO MADEIRA DA SOMÁLIA
O Governo moçambicano continua sem explicação do que teria acontecido para o Primeiro-Ministro somali ter decidido por expulsar o enviado da União Africana em Mogadísco, o moçambicano Francisco Madeira. A ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, ouvida pela nossa equipa de reportagem, durante a visita do Chefe do Estado a Botswana, diz, entretanto, que o Executivo está, agora, tranquilo com a recondução de Madeira pelo Presidente da Somália
O pronunciamento de Verónica Macamo surge uma semana depois de o Primeiro-Ministro da Somália ter decidido por expulsar Francisco Madeira do seu país, argumentando que este se envolveu em actos incompatíveis com o seu estatuto.
Verónica Macamo diz que Madeira foi indicado àquele cargo justamente pela experiência e que o objectivo é mesmo ajudar a Somália.
Lembre-se que, aquando da decisão de expulsão de Madeira da Somália, Verónica Macamo disse ao jornal “O País” que as autoridades moçambicanas não tinham sido notificadas da decisão. Entretanto, a expulsão de Francisco Madeira da Somália foi anulada, um dia depois, pelo Presidente somali.