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Alocação de um por cento do PIB ao ensino superior fomentaria pesquisas, diz Taimo

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O académico Jamisse Taimo diz que as universidades em Moçambique não fazem investigação científica e nem reflectem sobre o seu papel na formação da sociedade. No lançamento das celebrações dos 60 anos do ensino superior no país, na sexta-feira, Taimo apontou a falta de financiamento à investigação como a maior fraqueza.

O país assinala em Agosto deste ano, 60 anos da criação do ensino superior e as celebrações começaram esta sexta-feira com uma aula de sapiência, proferida por Jamisse Taimo, pesquisador em Políticas de Educação e Gestão do Ensino Superior.

O académico começou por abordar o histórico da universidade no país, mas preferiu centrar-se nos desafios da actualidade, com destaque para falta de financiamento à investigação científica.

Jamisse Taimo acredita que se as universidades tivessem pelo menos um por cento do Produto Interno Bruto nacional, estas estariam em melhores condições para fazer pesquisas necessárias para obter resultados científicos capazes de influenciar o desenvolvimento do país.

O académico sugere, assim, que a investigação no ensino superior seja suportada pelos fundos públicos, para que não dependa apenas de financiamento externo.

“Este financiamento do sector público constituirá um estímulo para outras formas alternativas de captação de fundos”, afirmou Jamisse Taimo.

O outro desafio é que as universidades devem desenvolver estudos capazes de contribuir na exploração dos recursos naturais. Pouco o fazem, diz Taimo e sublinha que estas não reflectem sobre o seu papel na sociedade.  

Taimo argumentou que as academias devem ser sujeitas à maximização da exploração dos recursos naturais e, para tal, elas devem ser capazes de gerar evidências científicas que orientem o mercado.

Além disso, as academias devem formar recursos humanos devidamente qualificados à altura das exigências da actualidade.

“O ensino superior remete-nos à ideia de que as universidades têm um papel importante no desenvolvimento do país”, disse o académico.

Para o pesquisador, é preciso uma reforma do ensino superior em Moçambique para que o mesmo se adeque aos desafios actuais. Mas também defendeu que as universidades devem reforçar a sua capacidade de tecnologias de informação, baseando-se nos desafios impostos pela pandemia da COVID-19, pois, muito dela, o mundo aprendeu.

O ensino superior em Moçambique foi criado em 1962, através do decreto 44.530 de 21 de Agosto que permitiu a criação dos Estudos Gerais Universitários de Moçambique (EGUM), em resposta às críticas dos movimentos nacionalistas das colónias portuguesas, que acusavam a administração portuguesa de nada fazer pelo desenvolvimento dos povos dos territórios por si colonizados.

A primeira instituição de ensino superior no país chamava-se Universidade de Lourenço Marques (ULM) que depois foi transformada em Universidade Eduardo Mondlane (UEM), como resultado das profundas transformações político-sociais decorrentes do alcance da independência nacional.

Depois seguiu-se a criação do Instituto Superior Pedagógico em 1985, actual Universidade Pedagógica (UP), dada a crescente demanda pelos candidatos ao ensino superior. A terceira academia superior pública foi o Instituto Superior de Relações Internacionais, que actualmente chama-se Universidade Joaquim Chissano.

As Universidades privadas surgiram com a introdução da economia de mercado em 1987.

O novo cenário económico permitiu a criação da Lei número 1/93, de 24 de Junho, Lei do Ensino Superior, que regula o Ensino Superior Público e Privado. A Universidade Católica de Moçambique (UCM), o Instituto Superior Politécnico e Universitário (ISPU), Instituto Superior de Ciências e Tecnologia de Moçambique (ISCTEM), hoje Universidade Politécnica e Universidade Wutive foram as primeiras academias superiores privadas no país.

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