Há erros no livro da História da 10a classe sobre a biografia do antigo Presidente da República. O Ministério da Educação diz que o manual foi descontinuado e houve orientação para a sua retirada de circulação. Entretanto, O País apurou que o livro continua a ser vendido nas livrarias.
Quando ainda estão a ser investigados os autores dos livros da sexta classe, mais um escândalo na qualidade dos manuais. Desta vez, no livro de História da 10.a classe.
A informação distorcida é a respeito da data de nascimento do antigo Presidente da República, Joaquim Chissano. O manual apresenta a informação de que “Joaquim Chissano nasceu em Malehice (província de Gaza), a 22 de Outubro de 1969”, o que não constitui verdade, pois o antigo Estadista nasceu em 1939 e tem, actualmente, 84 anos.
A seguir narra que Chissano “Fez os estudos secundários no Liceu Salazar (actual Escola Secundária Josina Machel). Aderiu ao Núcleo dos Estudantes Secundários de Moçambique (NESAM) em 1953, tendo chegado a ser presidente”.
Isto equivale a dizer que Chissano chegou ao cargo antes mesmo de nascer, já que, segundo o livro, só veio ao mundo em 1969.
Na mesma sequência, pode-se questionar como se terá tornado Primeiro-Ministro do Governo de transição aos cinco anos de idade, já que assumiu o cargo em 1974, quando o livro diz que nasceu em 1969.
No mesmo texto, está escrito que “Foi secretário do Departamento de Segurança da FRELIMO, após a reunião do Comité Central, em Abril de 1969…” o que é curioso, porque 1969 é o suposto ano de nascimento.
Contactado pela jornal O País, o Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano alega que o referido manual foi descontinuado em 2022 e que, na mesma data, foi emitida uma nota para a sua retirada de circulação.
“Constatámos, nessa altura, estou a falar de 2022, este erro da data de nascimento de Joaquim Alberto Chissano. Foi feito um relatório e a medida que o Ministério de Educação tomou, não só para este mas também para todos os que tinham erros, foi de descontinuar o livro”, disse Silvestre Dava.
Segundo o porta-voz do MINEDH, o sistema de educação dispõe de livros de outras editoras, nos quais o mesmo conteúdo não apresenta o erro supracitado.
“Uma vez descontinuados este livro de História da 10.a classe, vamos usar o livro de outras editoras.”
A STV constatou que o livro continua a ser vendido nas livrarias. Entretanto, Silvestre Dava diz que não cabe ao MINEDH retirar o manual das prateleiras.
“A atitude do Ministério da Educação nesses casos não é ir às prateleiras onde o livro está à venda; é emitir um comunicado dando conta dos manuais autorizados a circular. Portanto, todos os comerciantes que têm este livro, sabendo que está descontinuado, não têm o porquê o colocar nas prateleiras.”
Recorde-se que, em 2022, foram despoletados erros graves no livro “O Nosso Continente”, da 6.a classe, no qual se dizia, por exemplo, que a África Austral é composta apenas por cinco países, nomeadamente África do Sul, Botswana, eSwatini e Lesotho, eexcluindo Moçambique dessa lista. O livro também colocava Moçambique na África Oriental.