A Associação dos Taxistas da Cidade de Maputo (TAXIMA) queixa-se de “proliferação” dos táxis por aplicativo, na capital do país, alegando serem vítimas de uma concorrência desleal, além da falta de regras no sector.
Essas reclamações são de cerca de 297 taxistas filiados à associação, que se sentem lesados com a actividade “desregrada” dos novos táxis. Segundo o respectivo presidente, Luís Rafael, os táxis por aplicativos não obedecem a um critério para o seu funcionamento, não têm praças fixas, embora a postura sobre veículos de táxi determine que estas viaturas devem ter uma praça, e a sua distância não deve ser menos de 300 metros.
“Acontece que esses táxis por aplicativo não obedecem a essas regras, em qualquer lugar estão estacionados para angariar passageiros. Outra contradição é no aeroporto, por exemplo, temos de pagar uma taxa, mas estes não; chegam ao aeroporto, até fazem confusão connosco, levam clientes, saem e não pagam nada”, protestou o taxista.
As reclamações não esgotam aí! Queixaram-se ainda de tarifas muito abaixo das aplicadas e aprovadas pelo município em 2010, que são 100 Meticais por quilómetro, entretanto os taxistas por aplicativo cobram entre 40 e 70 Meticais por quilómetro.
Por isso, o secretário-executivo questionou: “os custos para a manutenção dos carros são os mesmos para todos nós, combustível, reparação e por aí em diante, então, se nós que cobramos 100 Meticais temos dificuldades para o efeito, como conseguem fazer essa actividade assim?”
Júlio Magaia esclareceu que, mesmo com os aumentos sucessivos de combustível, a taxa nunca foi agravada, e ainda assim, o valor que ganham não é suficiente para cobrir as despesas com a manutenção de viaturas, compra de acessórios, pagamento de salários, entre outros aspectos inerentes à actividade.
“É uma concorrência totalmente desleal, porque qualquer um que quer consumir não olha para a qualidade da coisa, só quer consumir, então eles ganham mais clientes devido aos preços que aplicam e nós saímos a perder. O nosso trabalho já não corria muito bem, e isso só agrava a situação”, disse Júlio Magaia.
Por conta da situação, os taxistas filiados a TAXIMA reuniram-se esta quarta-feira para procurar soluções para o “problema” e a encontrada por enquanto é o licenciamento dos táxis “online” pelo Município de Maputo.
Porém, a intenção, segundo avançaram, não é impedir a actividade dos táxis por aplicativo, pois todos precisam de trabalhar, mas a questão é evitar o que chamam de concorrência desleal.
“Não negamos concorrência do negócio, queremos unificação do preçário, queremos que cumpram a distância de 300 metros estipulada, queremos que o Município reveja a situação que estamos a viver e haja um bom senso”, exigiu Albino Mabelane, taxista.
O Conselho Municipal da Cidade de Maputo diz que não está alheio ao assunto e garantiu já estar a par do que está a acontecer. Segundo a explicação do vereador para a área de Mobilidade, Transporte e Trânsito, José Nichols, os taxistas por aplicativo ainda não estão licenciados, por se tratar de uma actividade ainda nova.
“É uma actividade que não está ainda regrada, mas agora já consta da nossa postura municipal de veículos de praça e por aplicativo, esta postura está numa fase de publicação e esperamos que seja feita ainda este mês. Já temos todas as regras da actividade que esta modalidade de transporte deverá respeitar”, explicou o vereador.
Logo que a postura for publicada, seguir-se-ão o licenciamento desses táxis por aplicativo, a fiscalização e a questão da tarifa.
Da produção da postura, o Município de Maputo reuniu-se tanto com os taxistas “tradicionais” e os “online”, em finais de 2021, por vista a colher soluções que beneficiem todos, conforme disse Nichols.
A edilidade assegurou que, na próxima semana, terá um encontro com a associação dos taxistas, para os tranquilizar e encontrar soluções.
O jornal “O País” tentou ouvir os gestores dos táxis por aplicativo, mas todos não mostraram disponibilidade.