Moçambique vai receber, mais uma vez, financiamento da Millennium Challenge Corporation, para a implementação de projectos de desenvolvimento nas áreas de agricultura e transporte rural, a partir de 2023.
Esta informação foi tornada pública ontem, depois de uma visita de cortesia que a Embaixada dos Estados Unidos da América, acompanhada pelo director executivo da Millennium Challenge Corporation para Moçambique, procedeu à ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação.
Falando à imprensa, o director executivo da Millennium Challenge Corporation para Moçambique, Kannet Miller, manifestou a sua satisfação em retomar os apoios ao desenvolvimento de Moçambique.
Miller reafirmou o compromisso da instituição que representa e disse que, neste momento, está tudo nas mãos do Governo, através do Departamento de Desenvolvimento do Compacto 2, que vai determinar as áreas em que o país precisa de tomar mais atenção para a redução da pobreza.
“Estamos aqui, para junto do Governo, identificarmos áreas para investimentos, que vão reduzir o índice de pobreza em Moçambique. Ainda não temos um plano específico, pois este é um processo que leva tempo, precisa de calma e análise minuciosa. Ainda não temos áreas específicas em que vamos financiar, todavia, no encontro, o Governo avançou alguns sectores que também consideramos cruciais para o desenvolvimento do país”, explicou Kannet Miller.
Higino de Marrule, coordenador nacional do Gabinete de Desenvolvimento do Compacto 2 diz que o país já identificou as áreas prioritárias, entretanto ainda é necessário que se desenhe um projecto mais detalhado e com acções específicas.
“Pelas análises feitas, chegámos à conclusão de que a agricultura e o sector de transporte rural devem ser prioridade nos investimentos. De agora em diante, serão feitas análises mais profundas, por forma a serem concebidas, depois desta reunião, aquilo que chamamos de notas conceptuais, por forma a identificar as prioridades no sector rural e de transporte”, disse.
Segundo análise do MCC, o processo de identificação dos pontos prioritários para investimento poderá levar tempo, por isso prevê disponibilizar o financiamento daqui a dois anos. Entretanto, Higino de Marrule diz que tudo será feito para que o Compacto 2 inicie muitos antes do ano de 2023.
“A nossa equipa, junto da do MCC, está a trabalhar para que o Compacto 2 inicie muito antes de 2023. Neste momento, decorrem trabalhos para que, em breve trecho, possamos entregar o projecto detalhado, o que vai culminar com a assinatura do memorando entre o Governo moçambicano e o MCC”, disse Marrule.
Miller afirmou, ainda, que, para além das áreas identificadas pelo Governo moçambicano, a sua instituição tem se focado em várias outras que considera essenciais para a redução da pobreza que assola muitos moçambicanos.
“A Embaixada dos Estados Unidos tem desenvolvido vários projectos para apoiar no desenvolvimento de Moçambique, na saúde, por exemplo, através da plataforma USAID. Como instituição, a MCC tem várias prioridades. Vamos avaliar os mecanismos para alavancar os investimentos no sector privado (para a criação de mais postos de trabalho), no empoderamento da rapariga e da mulher, combate ao impacto negativo das mudanças climáticas, entre outros”, completou.
Apesar de ainda não se conhecer o montante disponível para o financiamento, Higino de Marrule lembrou “que, no primeiro Compacto, Moçambique recebeu 500 milhões de dólares que financiaram projectos de abastecimento de água e saneamento e aumento da produção agrícola, nas províncias de Niassa, Cabo Delgado, Nampula e Zambézia”, por isso não espera que, desta vez, o país receba um financiamento abaixo do anterior montante.
Millennium Challenge Corporation e o Governo de Moçambique desenvolveram um Compacto de cinco anos, avaliado em USD 506,9 milhões, em 2008, para investir em água e saneamento, estradas, posse de terra e agricultura, através de investimentos como a construção de 614 pontos de água rurais nas províncias de Nampula e Cabo Delgado.