Noventa por cento dos moçambicanos não têm informação sobre a hemofilia, uma doença que ataca milhões de pessoas em todo o mundo. Dados actualizados indicam que a doença afecta mais de 5000 moçambicanos dos quais a Associação Moçambicana de Hemofilia e de Outras Coagulações Congénitas (AMH) rastreou, até ao momento, 118 pacientes hemofílicos, avançou o presidente da AMH, Nelson Damião, no último Sábado, 17 de Abril, na sequência do Dia Mundial de Hemofilia.
A Hemofilia é uma condição rara, na maioria das vezes hereditária, caracterizada pela dificuldade de coagulação do sangue. Ela ocorre devido à falta ou diminuição de algumas proteínas no corpo humano, conhecidas como factores, que são encarregadas na coagulação do sangue.
Nelson Damião avançou que, no país, os 118 pacientes e outros não identificados enfrentam dificuldades de várias ordens, incluindo a aquisição de medicamentos, inexistência de medicamentos, deficiência de informação no sistema nacional de saúde, deficiência no atendimento dos pacientes, estigmatização das pessoas hemofílicas com deficiência física e mental.
O Presidente da AMH sublinhou que, como resultado da estigmatização, as pessoas hemofílicas enfrentam desigualdades de emprego, esperança de vida baixa e, consequentemente, falta de autoestima. São situações que, segundo a fonte, já levaram a frustrações e suicídios por parte de pessoas que sofrem de hemofilia.
Nelson Damião sublinhou que a organização, que dirige, não está de braços cruzados e tudo faz para passar por cima das referidas dificuldades. Damião refere que o seu executivo está a desenvolver algumas acções, como “a divulgação de informações que visam a sensibilização da sociedade sobre estas coagulopatias, bem como fortalecer o sector da saúde no processo de diagnóstico e tratamento dos pacientes hemofílicos, dentro do nosso objectivo de acompanhar o tratamento das pessoas hemofílicas”.
No território, a Associação Moçambicana de Hemofilia e Outras Coagulopatias Congénitas é a única que representa e acompanha as pessoas com hemofilia e outras coagulopatias congénitas, junto de outras entidades públicas e privadas, com vista a sua participação activa como parceiro social no estabelecimento das respectivas políticas para estas patologias, sobretudo em sede de integração social das pessoas hemofílicas e outras coagulopatias congénitas.
Na conferência de imprensa do último sábado, Nelson Damião apelou ao Governo para que, através do Ministério da Saúde, crie três centros de referência para o atendimento dos pacientes hemofílicos e outros distúrbios hemorrágicos, nos hospitais centrais e adquirir medicamentos factores 8 e 9 para o tratamento das pessoas com Hemofilia.