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Antigo dirigente da FAO aponta falta de dinheiro como causa da fome no mundo

José Graziano da Silva, antigo director-geral da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) defende uma articulação conjugada entre o Governo, sociedade civil e sector privado no combate à fome. O agrónomo entende ainda que o problema da fome no mundo não é causado pela “alta de alimentos”, mas sim “pela falta de dinheiro”.

 

Brasileiro, agrónomo de profissão, homem que já ocupou a direcção máxima da FAO (na sigla inglesa), José Graziano da Silva considera que para a efectivação do propósito “fome zero”, almejado por estados como Moçambique, um elemento é eficaz: “uma forte coordenação”.

“As políticas de segurança alimentar e nutricional são feitas tanto no nível central, como no nível municipal. E se elas não estiverem ajustadas, coordenadas e integradas, elas falham”, alerta José Graziano da Silva.

Nesse sentido, o especialista considera que “não é o governo que acaba com a fome, mas a sociedade”, pois, na sua óptica, “para acabar com a fome há muita coisa que a sociedade e o sector privado podem fazer”.

Ainda na sua perspectiva, o problema da fome no mundo não se deve à falta de alimentos. “Excepto nos países onde atravessam a guerra ou vivem em contexto de calamidades”, sustenta.

“Hoje no mundo sobram alimentos. Nós desperdiçamos muita produção. Perdemos muito do que produzimos”, diz o guru da FAO, assinalando que “o que falta é dinheiro para comprar os alimentos. As pessoas não têm acesso aos alimentos”.

Entretanto, para tornar os alimentos disponíveis aos que necessitam, da Silva diz ser necessário que sejam observados dois aspectos:

“Primeiro, uma articulação entre todos os sectores da sociedade, sector privado, sociedade civil e o Governo”, diz o homem da agronomia.

“Segundo, é pensar que o problema não é só produzir alimentos, o problema é pensar como fazer isso chegar na mesa, principalmente das populações mais pobres”, conclui.

Para além de director-geral da FAO, José Graziano da Silva foi ministro da Segurança Alimentar e Combate à Fome no Brasil. Ontem, o ex-dirigente fez parte de um dos painéis da MOZGROW que debateu o tema “Agricultura Familiar e os Desafios da Segurança Alimentar e Nutricional”.

O painelista debruçou-se em torno de elementos como a necessidade de o país adaptar-se diante das catástrofes cíclicas, bem como sobre o lanche escolar que acredita ser elementar na assimilação de conteúdos.

José Graziano da Silva, que falava através de uma plataforma virtual, congratulou Moçambique por optar pela criação do Secretariado Técnico de Segurança Alimentar e Nutricional (SETSAN), um órgão do Estado.

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