Os Mambas alcançaram, este domingo, a primeira vitória no Campeonato Africano de Futebol (CAN), após vencer o Gabão por três bolas a duas. Os três tentos foram apontados por Faisal Bangal, Geny Catamo e Diogo Calila.
Foram precisos 39 anos para que o combinado nacional cometesse essa proeza. Desde 1986 que a selecção participa em fases finais do CAN, tendo já assinado seis presença (1986, 1996, 1998, 2010, 2023 e 2025). É, sem dúvidas, uma vitória com uma dose de paciência, persistência e superação.
Depois de várias tentativas, em que várias gerações vestiram as cores nacionais com a disposição de alegrar o povo moçambicano, a selecção nacional escreveu uma nova história no seu histórico de participações no CAN.
Após uma estreia em falso diante da campeã africana Costa do Marfim por 0-1, os Mambas deram a volta por cima e foram à busca da glória contra o Gabão. Chiquinho Conde estava ciente da importância o peso desta partida não só para ele e os jogagores, mas também para a nação moçambicana.
Duas mexidas no “onze” que defrontou a Costa do Marfim, com a saída de Kambala e Ratifo, lançando para os seus lugares Dominguez e Faisal Bangal. Foram necessários 37 minutos para Bangal corresponder à aposta do seu treinador.
Centro do endiabrado Geny Catamo, para uma finalização de cabeça de Bangal, diga-se como mandam os compêndios de futebol. Se o que antes parecia sonho começava a fazer sentido.
Quatro minutos depois foi a vez de Geny Catamo colocar a sua assinatura no resultado do combinado nacional de grande penalidade, após Dominguez ter sido derrubado na grande área.
Os Mambas atravessavam o seu melhor momento na partida, tudo corria às mil maravilhas. O sonho e a realidade se cruzam, tal como sempre foi o desejo dos moçambicanos.
No último minuto dos cinco de compensação concedidos pelo árbitro do jogo, ou seja aos 50, o Gabão reduziu a desvantagem por intermédio do suspeito de sempre: Aubameyang. A selecção nacional foi ao intervalo a vencer por duas bolas a uma.
TREMEDEIRA E MAIS UM GOLO
Na segunda parte, sem nenhuma mexida em ambas as partes, os Mambas entraram com a mesma disposição da primeira metade, ante um Gabão disposto a mudar o curso da história.
Entre momentos de incertezas e indefinições, muito por força da fadiga do combinado nacional, a turma gabonesa agigantou-se no jogo. Ainda assim, os Mambas voltaram a ser imperiais ao chegarem ao terceiro golo através de Calila, que concluiu com êxito um centro milimétrico de Witti.
A vitória dos Mambas ganhava mais peso e consistência, ainda que houvesse muitos minutos por disputar. O conjunto de Chiquinho Conde desacelerou e se mostrava impotente perante à pressão do gabão, que virou todas as suas baterias para o ataque.
Apercebendo-se disso, Conde mexeu na equipa e introduziu uma unidade mais talhada às defesa, no caso Kambala. Lançou ainda à quadra o internacional Gildo no lugar de Witti. Já sem Dominguez em campo, os Mambas experimentaram muitas dificuldades para construir jogadas de ataque. Por duas ocasiões Ernani Siluane foi colocado à prova pelos gaboneses, tendo respondido à altura das investidas.
Aos 72 minutos o Gabão chegou ao segundo golo e acreditou ainda mais que poderia virar o resultado para, no mínimo, garantir um empate. Pressionou, pressionou e pressionou tanto, mas a defensiva nacional soube sofrer e sacudir a pressão.
Num lance individual, Geny Catamo rasgou a defesa gabonesa e apontou aquele que seria o quarto golo da selecção nacional, mas o árbitro entendeu que houve fora de jogo de Gildo, que estando na área tocou a bola.
A primeira vitória de sempre dos Mambas numa fase final do CAN consumou-se, com os jogadores Chiquinho Conde e a direcção da Federação Moçambicana de Futebol a entrar nos anais do futebol moçambicano. Geny Catamo foi eleito o homem do jogo, após contribuir com um golo, além de ter sido determinante durante a partida.
JOGO DECISIVO CONTRA OS CAMARÕES
A vitória dos Mambas contra o Gabão é apenas um pedaço de história para o longo percurso e desafio que ainda têm pela frente. A selecção volta a jogar no dia 31 diante dos Camarões, partida que poderá ditar a continuidade ou o afastamento do conjunto moçambicano na prova. Até lá, a selecção nacional tem quatro dias para preparar esta partida e, sobretudo, corrigir os erros cometidos no jogo diante do gabão.

