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Condomínio do Município de Maputo alberga animais e marginais

A construção do complexo residencial, no Zimpeto, de 150 casas, foi iniciada a 2 de Novembro de 2008 e já em 2012 já tinham chegado os primeiros residentes. São casas do T2 e T3 erguidas numa área de 17 hectares. Para a concretização deste projecto foram investidos cerca de 4.8 milhões de dólares norte-americanos, financiados pela República da China.

No início do projecto aquelas casas destinavam-se aos técnicos recrutados no âmbito do Programa de Desenvolvimento Municipal de Maputo “PROMAPUTO”, como forma de estimular e reter aqueles profissionais. Porque aparentemente não houve adesão o município de Maputo começou a arrendar as casas a quem estivesse interessado.

Localizadas próximo a Vila Olímpica e ao estádio nacional do Zimpeto, acessíveis pela avenida de Moçambique ou pela estrada circular de Maputo, o preço de arrendamento das casas do tipo dois chegaram a custar mensalmente 10 mil meticais e do tipo três tinham a renda fixada em 15 mil meticais.
 
Naquele local, ficaram para trás histórias e memórias de centenas de famílias que ocupavam as casas do condomínio de Zimpeto, que por força de uma rescisão unilateral de contratos de arrendamento ditou o fim daquilo que era considerado exemplo de um condomínio concebido para funcionários. No recinto daquele condomínio onde se vê também muita vegetação há também uma lápide descerrada, a 10 de Novembro de 2017 em plena celebração do dia da cidade de Maputo, que anunciava o arranque de construção de 5 mil casas, no mesmo espaço, numa parceria entre empresários turcos e a edilidade de Maputo. Até hoje a anunciada e celebrada construção das casas ainda não arrancou. As casas continuam abandonadas. Instalou-se naquele espaço um ambiente de insegurança total. Onde supostos marginais ocupam as casas e na calada da noite impõe a sua Lei. Arrombam as casas, destroem o pouco que resta daquelas casas, retiram tubos de canalização, os cabos de electricidade não escapam a acção dos chamados amigos do alheio. Volvidos quase dois anos o futuro daquele local continua incerto.

Um dos moradores ainda presente naquele local disse ao Jornal “O País” que ”nós estamos a viver aqui situações desagradáveis, primeiro são roubos nas noites. Entram aqui para tirar cabos eléctricos. Uma casa só de sair um inquilino estão a destruir, a roubar janelas. Há também pessoas estranhas que circulam aqui. Não há aqui mecanismos de segurança.”

David Macamo, considera-se o homem com a história deste condomínio. Jardineiro de profissão, trabalha aqui desde a abertura das casas e mesmo agora que estão abandonadas mantém-se no seu posto de trabalho servindo as poucas famílias que permanecem ainda naquele condomínio que já foi cobiçado por muitos. David lembra que antes estava tudo tranquilo, mas o cenário, com o abandono compulsivo tudo mudou. “ Hoje isto está de qualquer maneira, aqui ficam ladrões, há muita coisa que acontece aqui, vandalizam carros, roubam baterias, muita coisa está a acontecer aqui”.

Sem avançar datas e ciente do estado em que se encontra aquele espaço o actual presidente do município de Maputo, Eneas Comiche, promete reabilitar as casas. Aliás Comiche foi quem concebeu o projecto do condomínio do Zimpeto numa parceria com o governo chinês. “Nós vamos ter de reabilitar, como sabe houve muita destruição e abandono. E vamos, naturalmente, criar condições para que aquelas 150 casas sejam devidamente reabilitadas e ocupadas”

Se os supostos criminosos esperam a noite chegar para actuar, de dia os animais vadios entre eles gatos e cães encontram ali um abrigo.

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