O País – A verdade como notícia

Ídio Chichava vence Salavisa European Dance Award 

Foto: Fundação Calouste Gulbenkian

O bailarino e coreógrafo Ídio Chichava é um dos vencedores do Salavisa European Dance Award, prémio criado em 2023, pela Fundação Calouste Gulbenkian, em colaboração com outras seis instituições artísticas europeias. O artista vai partilhar o prémio de 150 000€ (cerca de 10 500 000 MT) com a artista natural de Ruanda, Dorothée Munyaneza

Na fotografia acima, Ídio Chichava aparece ao lado de Dorothée Munyaneza. Ambos venceram o Saliva European Dance Award, tendo-se destacado “pelas suas abordagens artísticas particularmente bem-sucedidas nos seus trabalhos recentes, bem como pela profunda ligação que mantêm com os seus contextos artísticos, comunidades e colaboradores”, segundo se pode ler numa publicação da Fundação Calouste Gulbenkian, de Portugal.

As obras de Ídio e de Dorothée, avança a publicação, “estão enraizadas não apenas em interesses artísticos pessoais, mas também numa compreensão complexa do mundo que os rodeia e do papel crucial que a dança pode desempenhar em discussões sociais mais amplas.”

Reagindo ao reconhecimento, Chichava disse, esta sexta-feira: “Este prémio reconhece aquilo que é a potencialidade criativa do artista e do povo moçambicano. Reconhece a resiliência… Como sabemos, perante a adversidade, conseguimos transformar a brutalidade a que assistimos, nos dias de hoje, nas ruas de Moçambique, em esperança, tanto que continuamos a crer que Moçambique pode ser um lugar que a violência não faça parte do nosso vocabulário”.

Pela Gulbenkian, Chichava é descrito como bailarino, coreógrafo e director artístico da companhia de dança Converge+, em Moçambique, para onde regressou depois de uma carreira de sucesso em França. No país, tem promovido o ensino gratuito de dança, junto das comunidades, e investido em produções multidisciplinares e criações colaborativas onde cada um tem espaço para explorar o seu mundo interior.

Para o júri, o trabalho de Ídio “é uma afirmação poderosa da energia colectiva e do desejo de criar e co-existir.”

Quanto a Dorothée Munyaneza, é uma artista multifacetada. Cantora, música, bailarina, actriz, escritora e coreógrafa, recusa fronteiras, utilizando a música, o canto, o texto e o movimento para abordar a ruptura como força dinâmica e criar espaços de ressonância e esperança.

Nascida no Ruanda, estudou música e Ciências Sociais em Londres, após o que se mudou para Paris, onde trabalhou com vários coreógrafos. Em 2013, criou a sua própria companhia, Kadidi.

Para o júri, Dorothée aborda onde mais dói, “articulando história, trauma, mas também amor e esperança, com uma profunda compreensão do corpo e do seu potencial para contar histórias e criar espaços emocionais”.

Ídio e Dorothée são os dois primeiros vencedores do Salavisa European Dance Award, prémio criado em 2023 pela Fundação Calouste Gulbenkian, em colaboração com outras seis instituições artísticas europeias – ImPulsTanz – Vienna International Dance Festival (Áustria), KVS (Bélgica), Dansehallerne (Dinamarca), Maison de la Danse/Biennale de la Danse (França), Joint Adventures (Alemanha), e Sadler’s Wells (Reino Unido) – com o objectivo de distinguir artistas de todo o mundo que demonstrem talento ou qualidades especiais que mereçam ser mais conhecidos para além das suas fronteiras nacionais.

Os vencedores partilharão o prémio de 150 000€ (10 500 000 de MT) e terão a oportunidade de apresentar o seu trabalho nos palcos de seis instituições culturais parceiras.

Conforme esclareceu, o valor do prémio não vai servir para comprar um celular ou um carro novo. Pelo contrário, Chichava pretende investir em espaços ou infra-estruturas que possam conceder dignidade criativa aos bailarinos e coreógrafos.

 

Partilhe

RELACIONADAS

+ LIDAS

Siga nos