Afinal a culpa dos golos sofridos no minuto 92 não é de Abel Xavier e a profecia voltou a acontecer, na era Victor Matine. Será que o seleccionador nacional interino vai ser prejudicado pelo minuto 92? Eis a questão de reflexão para Moçambique, os Mambas e os moçambicanos.
Os Mambas voltaram a perder diante do Madagáscar, desta vez por uma bola sem resposta, com um golo apontado aos 92 minutos, numa desatenção da defensiva moçambicana que permitiu três toques de bola dentro da área, até ao remate final do jogador malgaxe, que assim coloca a eliminatória em vantagem para a selecção do Madagáscar, ainda que recuperável. Há que frisar que no lance que dita golo da selecção do Madagáscar há uma falta vista pelo árbitro comoriano, mesmo na linha da grande área, que dita um cruzamento para dentro da pequena área, surgindo os três toques que ditaram o único golo do jogo, mesmo ao apagar das luzes. Outrossim é preciso destacar que o árbitro do encontro, Ali Mohamed Adelaid, das Comores, esteve em muitos momentos contra a selecção moçambicana, prejudicando o conjunto nacional por diversas vezes, para além do lance do golo, mas principalmente na primeira parte.
Segurar o jogo na primeira parte…
Victor Matine entrou para este jogo com uma equipa que, não sendo total e directamente ofensiva, era basicamente muito bem posicionada, ao longo do meio campo, onde Nené e Candinho faziam o primeiro tampão defensivo, auxiliado por Infren e Telinho, este último que também era o municiador e tinha a responsabilidade de alimentar Luís Miquissone e Maninho. E também tinha uma defensiva muito certeira e bastante unida, com Jeitoso a ser o patrão e a fazer uma bela dupla com Sidique, tendo Manucho e Danilo nas laterais. Victor foi o homem confiado para defender as redes nacionais e, diga-se, muito seguro.
E os Mambas tiveram uma primeira parte em que jogavam contra a selecção do Madagáscar, dos adeptos que enchiam o estádio e com a equipa de arbitragem, que muito prejudicou o combinado nacional nesta parte do jogo. E o primeiro sinal de contrariedade que os Mambas enfrentavam, no caso da equipa de arbitragem, foi quando Maninho introduziu a bola dentro das malhas de Jean, mas Ali Adelaid considerou um fora de jogo, praticamente inexistente. Mesmo com as reclamações dos jogadores, nada havia a fazer. Há que dizer que Maninho foi a cara do ataque dos Mambas, tendo tido muitas oportunidades de marcar, mas a encontrar dificuldades diante da defensiva malgaxe.
Doutro lado, Victor também adiava o golo dos malgaxes, com excelentes defesas, o que de alguma forma enervava os jogadores contrários.
De resto, foi uma primeira parte que terminou com um nulo que era justificável.
Conhecer melhor o adversário e encurralá-lo
Na segunda parte esteve bem melhor o combinado moçambicano, encostando o Madagáscar no seu meio campo e dispondo das melhores oportunidades de golos, sem sucesso. Maninho continuava a ser o que mais oportunidades dispôs, tanto de cabeça, bem como através de remates, mas sem acertar no alvo. Luís Miquissone também teve algumas, mas também sem sucesso. A defensiva essa, continuava muito bem, com Sidique e Jeitoso a combinarem bem e o árbitro também já a ser muito justo nas suas acções.
As trocas que foram efectuadas por Victor Matine, nomeadamente com as entradas de Raúl, Amadú e Dayo, foram muito bem conseguidas, tendo os Mambas continuado a terem boas oportunidades de sair de Antananarivo com um bom resultado, mas eis que veio o factídico minuto 92.
O lance começa com um ataque pela esquerda por parte do Madagáscar, em que o médio malgaxe faz um cruzamento, aparecendo Sidique, dentro da área, a fazer um corte para canto. O facto é que o árbitro não aponta para canto, mas sim para um livre na linha da grande área, encurtando a chegada da bola no interior da área. E foi assim que o combinado da Madagáscar consegue meter na área, surgem os três toques, até ao toque final, mesmo na cara de Victor, que nada podia fazer, senão olhar a bola a anichar-se no fundo das malhas.
Mais uma vez o factídico minuto 92 prejudicou a selecção nacional, tal como fez diante da Guiné-Bissau, tanto em Maputo e em Bissau, bem como diante da Namíbia, em Maputo, em jogos da fase de qualificação ao CAN-2019. Mas também os Mambas já haviam sofrido um golo aos 92 minutos diante do mesmo Madagáscar, em 2017, no Estádio Nacional do Zimpeto, em jogo de uma eliminatória de acesso ao CHA-2018, sendo eliminada com agregado de 4-2, depois de ter empatado em Antananarivo a duas bolas.
A segunda mão desta eliminatória disputa-se próximo domingo, novamente no Estádio Nacional do Zimpeto. Os Mambas regressam esta segunda-feira ao país, devendo iniciar na terça-feira os trabalhos de preparação com vista ao jogo de domingo.