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Arquitecto francês reflecte sobre o espaço urbano em Maputo

Foto: O País

O arquitecto francês Alain Moatti reflectiu, esta sexta-feira, sobre a importância da arquitectura na construção das cidades e, sobretudo, no fortalecimento da condição e das relações humanas. A conferência realizou-se na Faculdade de Arquitectura da Universidade Eduardo Mondlane, na Cidade de Maputo.

Alain Moatti é um arquitecto e cenógrafo francês. Em Maputo há dois dias, o profissional tem aproveitado o período de férias para conhecer a cidade, as suas particularidades arquitectónicas e as suas gentes. Por isso mesmo, na manhã desta sexta-feira, foi à Faculdade de Arquitectura para, numa sessão com professores e estudantes, partilhar algumas perspectivas do seu trabalho, que, igualmente, se desenvolve na área de museografia e design.

Em aproximadamente duas horas, Alain Moatti procurou, no anfiteatro da Faculdade de Arquitectura, passar a mensagem de que o mundo funcional já acabou. Logo, actualmente, o mais importante é abrir a arquitectura para outras disciplinas, numa interface harmónica com a modernidade, quer através da relação com a literatura e história, quer através da relação com a ecologia.

Para Alain Moatti, é muito importante que a arquitectura contribua para que se cultive a fragilidade do ser humano e desconstruir a ideia de que o mundo é para os grande homens. “Temos de abandonar o pensamento militar que formou as cidades, até agora, para construirmos lugares onde as pessoas se juntam só pelo prazer de estarem juntas”, acrescentou o arquitecto francês: “Temos de ser capazes de prolongar o futuro. Neste mundo, somos todos passageiros e nada nos pertence”.

Alain Moatti é a favor do prolongamento de histórias comuns, inerentes ao lugar por inventar através de perspectivas urbanas. Nesse sentido, acredita, as cidades podem se tornar territórios únicos e com narrativas globais. “Na arquitectura, devemos partir do particular para o global, pois a cidade não é uma ideia, mas uma metaformfose, uma imagem do ser vivo”.

A experiência com professores e estudantes de Arquitectura foi, para Moatti, muito produtiva, com perguntas justas e pertinentes. “Os jovens perceberam a mensagem, a mensagem de que há em Maputo muitas coisas possíveis de fazer para continuarem a torna-la uma cidade única que é. Os jovens sãos as mãos do seu próprio futuro e Maputo é uma cidade extraordinária, do ponto de vista arquitectónico”.

Outra percepção partilhada por Alain Moatti, na conferência realizada na Faculdade de Arquitectura da UEM, é a de que as pessoas podem se reconhecer através da arquitectura, que concorre para a construção e reconstrução de um mundo imaginário, que ainda não existe, mas desejado. “A arquitectura não é o acto de construir, mas de constuir um mundo melhor”.

Moatti acredita que o contacto com outras realidades, para o arquitecto, é fundamental, porque renova o olhar. Até porque “temos muito a aprender uns dos outros. Sempre achei que a humanidade não está em mim, em si, mas no nosso encontro”, gracejou.

Na Cidade de Maputo, Alain Moatti já visitou obras de Pacho Guedes e José Forjaz.

A conferência do arquitecto francês é uma inicitiva da Embaixada da França em Moçambique em parceria com a Faculdade de Arquitectura, com a direcção do professor Domingos Macucule.

 

SOBRE O ARQUITECTO

Alain Moatti nasceu e foi criado em Miliana, na Argélia. Entretanto, a sua família mudou-se para Paris, em 1961. Em 1985, obteve o diploma de Arquitecto na École de Paris-Villemin. Na década de 1990, voltou-se para a cenografia teatral. Colabora também com agências parisienses, trabalhando igualmente em projectos de cenografia (centros de conferências, teatros). De 1994 a 2001, fundou e administrou uma agência de arquitectura e cenografia em seu nome e criou a Fundação Dapper, um museu de artes primitivas em Paris.

Em 2001, fundou a agência Moatti – Rivière, com Henri Rivière (1965-2010), com quem venceu o concurso para transformar uma mansão parisiense em casa de alta costura de Jean Paul Gaultier. O projecto marca o início de uma década em que a dupla cria numerosos equipamentos culturais, bem como programas comerciais de alto padrão. Em 2010, a agência venceu o concurso internacional para a remodelação do primeiro andar da Torre Eiffel.

Em 2012, Alain Moatti foi admitido à Academia de Arquitectura e é membro do júri do Grande Prémio para Arquitectos Franceses de Exportação.

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