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Recenseamento eleitoral 2019, a mobilização é já!

Depois do adiamento do início do recenseamento eleitoral a 01 de Abril de 2019 – para as eleições de 15 de Outubro do presente ano, que visam a eleição do Presidente da República, deputados da Assembleia da República, governador provincial e os deputados das assembleias provinciais – devido aos efeitos combinados do ciclone Idai, chuvas e inundações que fustigaram as províncias do centro do país, o processo arrancou a 15 de Abril e, de um modo geral, reporta-se fraca afluência aos postos de recenseamento e, diga-se, muita ociosidade por parte dos brigadistas.

Para além dos trabalhos de mobilização levados a cabo pelo Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE), muito pouco se tem feito, quer pelos partidos políticos, principais interessados no processo, porque participantes e disputam o poder, quer pela sociedade civil, que muitas vezes questiona a legitimidade dos eleitos, porque persiste a abstenção, pese embora esta última aconteça depois do processo de recenseamento. A aparente indiferença das forças vivas da sociedade pode sugerir um processo de pouco interesse, o que não é verdade.

Depois do processo de recenseamento, apura-se o número dos eleitores, o que determina o número de mandatos por círculo eleitoral e a partir daí começam os debates sobre prováveis “exclusões” de eleitores, porque se trata de base de apoio deste ou daquele outro partido. No entanto, na hora de chamar esses potenciais eleitores para cumprirem o dever cívico de se recensear, ninguém aparece a fazer o trabalho, resultando daqui fraca mobilização e falta de interesse pelos passos subsequentes, ou seja, os partidos políticos têm a oportunidade de mobilizar a sociedade para participar no recenseamento eleitoral e não o faz, fará acusações no futuro de algo em que não participou de forma voluntária.

É hora de mudarmos esta forma de ser e de estar nas organizações políticas. Não podemos viver à espera de criticar aquilo que não é feito, quando nós próprios temos a oportunidade soberana de participar e não o fazemos, incluindo as organizações da sociedade civil. Nos processos subsequentes, iremos organizar debates sobre o que não foi feito e lançar acusações a este ou aquele outro. No entanto, prevenir, para evitar que tais acusações tenham lugar, nada! Confesso que, como cidadão deste país, estou preocupado com o grau de participação dos eleitores nos postos de recenseamento. Algo deve ser feito para a reversão da situação, antes que seja tarde.

É certo que os deputados da Assembleia da República estão em actividade intensa, com a legislação que operacionaliza a descentralização, sendo que, grosso modo, o governo está ocupado com a problemática das cheias e inundações referidas acima, combinadas com o devastador ciclone Idai – é preciso dar resposta aos problemas causados por esta calamidade. Contudo, a vida deve acontecer de forma multidimensional, todos os sectores da sociedade devem reagir ao momento actual, sem excepção, sob pena de reagir fora do tempo, com os problemas que isso acarreta.

As atenções de personalidades como Sibindy estão viradas a convencer a Renamo a aceitar liderar a oposição e concorrer com um único candidato. Isso por si não é mau, no entanto, vira “piada” quando este debate ocorre nas redes sociais e não em sede das próprias organizações. O esforço que se despende nesses debates, se fosse na mobilização de eleitores para se registarem, teria outro e melhor impacto. Os restantes partidos de oposição não parlamentar não se sabe da sua agenda política, no entanto, quando as inscrições iniciarem para concorrerem, aparecerão como cogumelos em tempo de chuva. E porque ninguém lhes conhece a agenda, irão perder de forma copiosa e irão acusar o governo ou o partido no poder pela sua derrota.

Caros compatriotas, é hora de se trabalhar na mobilização dos potenciais eleitores com vista a participarem no processo, de forma a termos o maior número possível de eleitores inscritos; é hora de fazer um trabalho cívico nas bases para que, chegada a hora de pedir o voto, se faça na certeza de que aquelas pessoas que afluem aos comícios ou que acompanham caravanas de diferentes partidos ou organizações da sociedade são de facto eleitores. Não há, na minha perspectiva, o melhor momento de aparição pública que este, quando as coisas estão no início.

Por isso, exorto todos os cidadãos eleitores ou que completam 18 anos a 15 de Outubro de 2019 a registarem-se como eleitores, de forma a escolherem os seus dirigentes e representantes centrais e da província; exorto igualmente os partidos políticos, com assento parlamentar ou não, a que despendam esforço na mobilização de eleitores para se recensearem. O tempo é agora, é já!

 

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