José Jalane, Osvaldo Passirivo e Dinis Quilavei são os três bailarinos moçambicanos que, entre 5 e 8 Outubro, no Teatro Nacional São João, em Portugal, vão actuar na estreia do espectáculo “Bantu”, que assinala os 20 anos de criação artística de Victor Hugo Pontes. “‘Bantu’ rasura a distância entre dois continentes e entre linguagens distintas, arriscando a invenção de um lugar partilhado e de uma língua celebratória comum”, lê-se na nota de imprensa.
Bantu designa uma família de línguas faladas na África Subsariana, o que significa que representa muito mais do que uma ocorrência linguística. Pode ser também uma linguagem própria que sobreviveu às línguas europeias impostas; um mecanismo identitário; um signo vedado ao colonizador; uma forma de comunicação, com códigos culturais, históricos, religiosos e políticos próprios; e, sobretudo, a materialização efémera de um longo encontro.
“Bantu, o título, acolhe tudo o que queremos ou imaginamos que Bantu, o espectáculo, seja. Se da língua que falamos vemos o mundo que nos cabe, das diferentes geografias que ocupamos – num país ou num palco –, temos diferentes perspectivas do mesmo mundo – assim, nunca poderemos falar a mesma língua, ver as mesmas coisas, ou chegar aos mesmos lugares. Em Bantu, Victor Hugo Pontes percorre o caminho oposto e vai ao encontro de uma língua despida de palavras, mas universal”, lê-se na nota de imprensa sobre o espectáculo.
Bantu é um caminho por traçar, e o percurso será feito entre Moçambique e Portugal, dois países com afinidades complexas e memórias profundas um do outro.
Bantu teve origem num convite endereçado a Victor Hugo Pontes pela OPART / Estúdios Victor Córdon e pelo Camões – Centro Cultural Português em Maputo, para o desenvolvimento de uma nova criação de dança contemporânea com intérpretes moçambicanos e portugueses. Os EVC e o Camões – Maputo são parceiros numa programação que visa criar pontes entre Portugal e Moçambique.