Há excesso de zelo por parte dos seguranças do Presidente da República, ao impedir jornalistas de o filmarem com celular. A posição é defendida por analistas que afirmam tratar-se de uma acção criminosa.
O episódio mais recente de impedimento de os jornalistas captarem imagens do Presidente da República aconteceu no último sábado, no Estádio Nacional do Zimpeto, logo após o final do jogo entre a selecção nacional de futebol e o Benim.
Nos bastidores, o jornalista do portal desportivo online LanceMZ, Alfredo Júnior, que, na altura, questionava o sentimento do Chefe do Estado diante da qualificação dos Mambas para o CAN usando celular. Antes mesmo de terminar, foi impedido pelos seguranças de Filipe Nyusi.
Desconfortável com a actuação dos seus seguranças, o Presidente da República exigiu o regresso de Alfredo Júnior à colectiva de imprensa e pediu desculpas pelo sucedido, justificando o facto com o calor dos festejos da conquista da selecção nacional.
“Primeiro, pedimos desculpas pelos empurrões verificados. Este é sinal de um país que está há muitos anos sem alcançar uma conquista destas. As emoções são enormes e devem ser compreendidas”, justificou o Presidente da República.
O jurista Custódio Duma diz que há excesso de zelo e violação dos direitos da imprensa.
“Houve, com certeza, excesso de zelo e de certa forma o jornalista impedido pode intentar uma acção usando a Lei da Imprensa, e constou-me que aquela situação era de circunstância em que o Presidente da República tinha que falar com a imprensa e dar a sua opinião para o povo moçambicano”, disse Custódio Duma.
Para Baltazar Fael, não há nenhum fundamento legal que impeça os profissionais de comunicação de filmarem com o celular.
“De alguma forma, é contra o desenvolvimento tecnológico, contra tudo que vai acontecendo no mundo; às vezes vemos alguns presidentes a tirarem SELF com a população, com os seus admiradores e nunca vimos a polícia, mesmo ao lado a empurrar pessoas. Penso que há excesso de zelo e talvez desconhecimento por parte dos seguranças do Presidente da República”, disse Baltazar.
Mas, não é só a acção dos seguranças do Presidente da República que preocupa Baltazar Fael e Custódio Duma. Os dois juristas entendem que os jornalistas devem fazer mais para verem os seus direitos respeitados.