O antigo porta-voz da Frelimo, Caifadine Manasse, foi ouvido, hoje, na Procuradoria-Geral da República, sobre o processo de calúnia e difamação de que diz ser vítima. Para além dos 23 deputados da bancada da Frelimo, pelo círculo eleitoral da Zambézia, mais três pessoas foram arroladas, e o número pode aumentar.
O deputado da bancada da Frelimo e antigo porta-voz deste partido, Caifadime Manasse, foi ouvido, na manhã de hoje, na Procuradoria-geral da República, na sequência da submissão, a 31 de Maio passado, de uma queixa-crime, em que acusa 23 deputados da sua bancada, pelo círculo eleitoral da Zambézia, de crimes de injúria e difamação.
Manasse diz que o faz com o objectivo único de limpar o seu nome.
A audição a Caifadine Manasse começou por volta das nove horas. À chegada, o deputado falou à imprensa, tendo esclarecido que o processo movido não é contra o partido, mas sim contra alguns camaradas. O que quer é apenas a reposição da sua honra e bom nome.
“Eu fiz uma participação contra cidadãos que atentaram contra a minha imagem e bom nome e integridade e contra o partido, porque, sendo alguém que foi porta-voz do partido, um outro membro não podia pôr em causa a imagem desta pessoa. Para mim, este é o momento em que vou trazer os dados que facilitem com que a procuradoria-geral da República e o sistema de justiça encontrem todos os pontos necessários para a reposição do meu bom nome”, disse o deputado.
E o procurador-geral adjunto precisou de 10 horas para ouvir e registar as declarações do queixoso. Após a longa sessão, Manasse revelou à imprensa que há mais pessoas que terão atentado contra a sua honra.
“Nós adicionamos três pessoas. Não são todos deputados, mas são actores políticos”.
Custódio Duma, advogado do deputado, diz que se está na fase inicial, que é a de instrução. O que se segue é o trabalho do Ministério Público com as informações deixadas esta terça-feira.
“Nós pedimos que se façam algumas diligências e, depois, comecem as audições das pessoas que foram participadas, e isso leva o seu tempo. Por isso, prevê-se um processo complexo. Só nesta fase em que nos encontramos, vai precisar de algum tempo para o magistrado trabalhar nela. Como devem imaginar, as pessoas participadas são deputados, cujo domicílio habitual é fora da Cidade de Maputo. Neste momento, a Assembleia da República está com os trabalhos da plenária parados, então vai depender também da flexibilidade do MP, de como vai conseguir ter acesso a estes”, explicou Duma.
Este é o começo de um processo que se espera que seja longo, até porque, para além dos 23, mais três pessoas foram citadas no processo, e o número pode aumentar. Contudo, o queixoso, no caso Caifadine Manasse, garante ir até ao fim.
O deputado, antigo porta-voz do partido Frelimo e antigo chefe da brigada de mobilização e propaganda do partido no círculo eleitoral da Zambézia, recorde-se, foi expulso do círculo que o elegeu deputado, em Março do ano em curso, depois de uma reunião do Comité Provincial da Zambézia.
Três acusações pesam sobre si: falta de segredo para com os assuntos do partido, falta de pagamento de quotas e incriminação de colegas no escândalo de tráfico de drogas, através do Porto de Macuse. O deputado acusava o actual primeiro vice-presidente da Assembleia da República, Hélder Injojo, de ser narcotraficante, uma situação que não foi comprovada.