Na Cidade de Harare, capital do Zimbabwe, Filipe Nyusi e Emmerson Mnangagwa lançaram a primeira pedra para a construção do memorial em homenagem a Samora Machel e dirigiram o fórum de negócios que reuniu empresários dos dois países.
O segundo dia da visita de Estado ao Zimbabwe do Presidente da República, Filipe Nyusi, iniciou com a deposição de coroa de flores no monumento erguido em memória aos heróis zimbabweanos. No local, Filipe Nyusi visitou o museu e conheceu um pouco mais sobre a história ali contada.
De seguida, o Presidente da República foi ao Museu da Liberdade Africana, onde lançou a primeira pedra para a construção de um memorial em homenagem a Samora Machel pelo Governo zimbabweano, em reconhecimento ao papel do primeiro Chefe de Estado moçambicano para a independência daquele país da África Austral. Na ocasião, Filipe Nyusi recebeu uma escultura que simboliza as relações infinitas entre Moçambique e Zimbabwe.
“Zimbabwe e Moçambique mantêm a solidariedade na celebração do icónico líder e fundador da Nação, o camarada Samora Moisés Machel. Beneficiamo-nos hoje dos seus abnegados esforços para a libertação dos países da África Austral”, disse.
Terminado o evento, os dois Chefes de Estado foram dirigir o fórum de negócios que reuniu empresários dos dois países vizinhos, visitaram, antes, a exposição de produtos e serviços produzidos em Moçambique e no Zimbabwe. Na ocasião, Filipe Nyusi falou das oportunidades criadas com o Pacote de Aceleração Económica adoptado pelo Governo.
Já Emmerson Mnangagwa recordou que Moçambique é o quinto país que mais compra diversos produtos do Zimbabwe e apelou ao investimento nos jovens para o catapultar o desenvolvimento.
“Os jovens precisam de ser apoiados para serem inovadores, dominando a ciência e tecnologia para aproveitarem os massivos recursos naturais descobertos nos nossos países. Temos que permitir aos nossos jovens estudantes que sonhem e sonhem, e alguns desses sonhos vão transformar-se em produtos e os outros em nada”, afirmou.
No final do evento, a APIEX e a sua contraparte zibambweana assinaram acordos de cooperação.
Ainda na capital zimbabweana, o Presidente da República reiterou o apoio incondicional de Moçambique ao Zimbabwe junto da comunidade internacional, para o alívio das sanções económicas impostas há 23 anos e para a renegociação da dívida pública daquele país.
Zimbabwe está sob sanções económicas dos Estados Unidos da América e da União Europeia há 23 anos, devido à reforma agrária que expulsou farmeiros britânicos sem compensações deste país. Por conta dessas sanções, não se financia junto das instituições da Bretton Woods e de outros parceiros internacionais para além de ver a sua dívida a crescer por incapacidade de a saldar. Moçambique está a apoiar diplomaticamente o Zimbabwe a resolver estes dois problemas que estrangulam a sua economia.
Ano passado, o Presidente Emmerson Mnanguagua indicou o antigo Presidente da República, Joaquim Chissano, apoiado pela antiga Primeira-Ministra Luísa Diogo, para fazer as negociações para o alívio da dívida do Zimbabwe, um esforço que é também patrocinado pelo Governo moçambicano.
O Presidente do Zimbabwe diz que a economia do seu país está a recuperar, mas precisa de acelerar muito mais, por isso, com o apoio do Presidente do Banco Africano para o Desenvolvimento, viram no Presidente Chissano a pessoal ideal para ajudar diplomaticamente o Zimbabwe junto dos parceiros internacionais.
“Dissemos que precisamos de alguém muito importante, que seja respeitado. E olhamos para o continente africano de Cabo ao Cairo e quem escolhemos e que assenta neste critério é o campeão de facilitação de alto nível e isso nos levou ao antigo Presidente Chissano”, disse, reconhecendo a satisfação com o decurso das negociações que já vão na quarta ronda.
“Estou satisfeito porque o processo está em curso e nos dá uma indicação positiva, quer na Europa, quer na América. Há dois dias, tivemos um encontro aqui e quase todas as missões diplomáticas em Harare, a maioria dos países europeus, britânicos e americanos, japoneses, chineses, entre outros, estiveram aqui. Abri a conferência, e depois disso, cada missão falou em apoiar o Zimbabwe nessa matéria para resolver o problema da dívida.”
A equipa do Presidente Chissano está também a negociar o pagamento de compensações aos antigos farmeiros, não pelas terras, mas pelas infra-estruturas e equipamentos que perderam.
“Estamos a negociar compensações de 3,5 mil milhões de dólares e pusemos estes 3,5 mil milhões no processo da dívida para que seja coberto.”
Apesar das dificuldades, Mnanguagua assegura que já não há insegurança alimentar no seu país, pois voltou a produzir mais de 3,5 milhões de toneladas de cereais anualmente necessários para alimentar os zimbabweanos, o que inclui o trigo que antes importava da Ucrânia.
“Nós conseguimos irrigar, durante o Inverno, o número de hectares que podem dar-nos o trigo de que precisamos como nação, ou que necessitamos. E tivemos sucesso e agora estamos a precisar de ter excedente de trigo. Também para os fertilizantes, perguntei aos jovens que foram à escola estudar ciência e tecnologia como se pode fazer fertilizantes, e explicaram-me. Perguntei se temos essas matérias-primas no país e disseram que sim, agora temos que produzir aqui.”
Moçambique vai aproximar-se do Zimbabwe para, igualmente, colher experiências.