Moçambique surge na 16ª posição do ranking dos países com mais milionários em África, elaborado pela consultora Henley & Partners. O pódio é ocupado pela África do Sul; em segundo lugar surge o Egipto e em terceiro a Nigéria. Dos 52 milionários nascidos em África, apenas 23 vivem no continente.
Designado “Africa Wealth Report 2023”, o documento revela que Moçambique registou um crescimento do número de milionários – pessoas com mais de um milhão de dólares – em 18% nos últimos 10 anos. Estão referenciados 1100 milionários, dos quais dois multimilionários, isto é, que tenham mais de 100 milhões de dólares em património.
Angola, outro país lusófono, é o 11º país de África com mais milionários. Angola possui 2400 milionários, dos quais quatro multimilionários, de acordo como os dados da Henley & Partners, que têm como fonte a New Word Health. As estatísticas revelam que a crise também afectou os níveis de riqueza pessoal em alguns países do continente africano.
No caso de Angola, a crise traduziu-se numa descida de 28% no número de milionários existentes no país no ano passado, em comparação com os existentes em 2012.
Segundo a Henley & Partners, o número de milionários em África deverá crescer 42% na próxima década, e há países que irão ainda mais além. Na Mauritânia, Ruanda e República Democrática do Congo, o número de milionários aumentará 60% no período referenciado.
Actualmente, África contabiliza 138 mil milionários, 328 multimilionários e 23 bilionários (pessoas com mais de mil milhões de dólares). A Henley & Partners estima que o continente chegue a 2032 com 195 mil milionários.
O “Africa Wealth Report 2023” exibe as discrepâncias existentes no continente. Por exemplo, o Gana tem mais 24% de milionários (2400) do que há uma década, mas prepara-se para realizar cortes nos serviços públicos, no âmbito da negociação com o Fundo Monetário Internacional (FMI) de um resgate de três mil milhões de dólares.
Já a Zâmbia deverá ter mais 60% de milionários em 2032 (actualmente tem 600), mas entrou em incumprimento em 2020, registando uma dívida de 17 mil milhões de dólares. A reestruturação da mesma colocou a China contra o Banco Mundial e outras instituições multilaterais.
A África do Sul conta com 37 800 milionários, 98 multimilionários e 5 bilionários; o Egipto tem 16 100 milionários, dos quais 54 são multimilionários e oito bilionários; e a Nigéria tem 9800 milionários, dos quais são 27 multimilionários e quatro bilionários. Os três países registam uma quebra do número de milionários, em comparação com 2012, de 21%, 25% e 30%, respectivamente.
RUANDA COM MAIS CRESCIMENTO DE MILIONÁRIOS
Ruanda foi o mercado com melhor desempenho em África, nos últimos 10 anos, em termos de crescimento de milionários com 72%, seguido pelas Maurícias, Seychelles, Uganda e República Democrática do Congo. No Marrocos e Quênia, o crescimento do património individual dos milionários foi sólido.
Etiópia e Gana, cuja população de milionários vinha crescendo rapidamente até 2019, têm enfrentado dificuldades nas suas economias, por isso a taxa de crescimento dos milionários caiu nos últimos 10 anos.
As Maurícias aparecem na sexta posição e o relatório elogia a forma como a economia é diversificada. “Com sua economia competitiva e de base ampla, a nação insular das Maurícias no Oceano Índico tem atraído investimentos estrangeiros consideráveis. Maurícias é conhecido por sua política de paz, estabilidade económica, ambiente seguro, clima tropical agradável, multiculturalismo, alta qualidade de vida, economia dinâmica, regimes fiscais atraentes e competitivos, além de cenário de negócios que reforçaram a estatura global de um país que está a atrair indivíduos e famílias de alto património líquido de ao redor do globo”, lê-se no documento.
Muitos empresários estrangeiros tornam-se mauricianos com facilidade e de uma maneira eficiente, ao permitir-se que façam um investimento imobiliário no país, candidatando-se automaticamente a obter uma autorização de residência e tornar-se mauricianos residentes em seis ou oito meses.
FUGA DE MILIONÁRIOS EM ÁFRICA
Aproximadamente 18 500 milionários africanos abandonaram o continente entre 2012 e 2022. Segundo o “Africa Wealth Report 2023” da Henley & Partners, a maior parte fixou residência no Reino Unido, Estados Unidos e Emirados Árabes Unidos.
Um número significativo, ainda de acordo com o mesmo relatório, mudou-se para Austrália, Canadá, Portugal, França, Israel, Mónaco, Nova Zelândia e Suíça.
Dos 52 milionários nascidos em África, apenas 23 vivem no continente.
Um deles é o nigeriano Aliko Dangote, de 66 anos, considerado o homem mais rico de África, com uma fortuna avaliada em 12,4 mil milhões de dólares. Os seus negócios estendem-se a outros países do continente, casos do Benim, África do Sul, Togo e Gana, e vão do sector da alimentação ao dos seguros, passando pelo dos cimentos.