A selecção nacional de futebol de praia perdeu diante do Senegal, por 2-3, e falhou a qualificação à final do campeonato africano da modalidade, prova que decorre em Vilankulo.
Parece um conto de fadas. A verdade, porém, é que caímos com estrondo. Em casa mandamos nós. Em certos casos, nos quais fomos felizes, essa frase fez muito sentido e dela brotaram turbilhões de emoções. Custa, mas custa mesmo! Perdemos a oportunidade de disputar a final do “africano” de futebol de praia. Dói ainda mais quando recuamos a fita.
O acesso às meias-finais só foi possível graças à condescendência do Marrocos, que tratou de “despachar” o Malawi, por 7-3. Ou seja, para chegar a essa fase a selecção nacional dependia do resultado desta partida e, como se não bastasse, da vitória do combinado marroquino.
Para a felicidade de Moçambique a selecção do norte de África não “decepcionou”. Era expectável que a vitória do Marrocos nos empurrasse às meias-finais onde nos calhava o Senegal. Sim, Senegal.
Das duas uma, a partida contra a selecção senegalesa era uma oportunidade única de virarmos o curso da história, ou a mesma serviria para o país do Macky Sall perpetuar a sua hegemonia.
As duas selecções voltavam a cruzar caminho pela segunda vez, porém em competições diferentes. A primeira foi no recém-terminado Torneio COSAFA, que por sinal serviu de antecâmara para o “africano”, em que o Senegal derrotou Moçambique na primeira jornada da prova, por 5-4. Era preciso fazer diferente.
A selecção nacional até tentou. Ávido de marcar presença na final do campeonato africano de futebol de praia pela segunda vez consecutiva, o combinado nacional entrou melhor. O conjunto moçambicano chegou ao golo aos 10 minutos, por intermédio do suspeito de sempre, Nelson Manuel.
No primeiro período só dava Moçambique, tendo em conta que, mais do que criar muitas dificuldades ao adversário que se via à nora para chegar à baliza moçambicana, apresentou um futebol mais elaborado, talhado, sobretudo, ao ataque. Moçambique viria a terminar o primeiro período em vantagem no marcador. O segundo período começa praticamente com um falhanço de Figo, que na cobrança de grande penalidade não teve arte nem engenho para bater o guardião senegalês. Nelson Manuel descobriu mais um furo na baliza senegalesa e como tem sido habitual não perdoou. O mais destacado jogador de África, com credenciais reconhecidas, fazia os moçambicanos acreditarem que seria desta que o gigante Senegal tombaria aos nossos pés. Foi apenas sol de pouca de dura.
Quão búfalo ferido, o Senegal acordou. Em total desatenção, Senne reduziu a desvantagem, ao marcar o primeiro golo da sua equipa. Até aí parecia tudo controlado para o combinado nacional, na medida em que ainda conseguia chegar à baliza contrária com perigo.
Quando tudo indicava que o conjunto de Abineiro Ussaca estava perto de marcar o terceiro, foi o Senegal que chegou ao empate, através de Fall. Missão complicada, porém não impossível.
Já com o jogo empatado a duas bolas o nervosismo veio ao de cima para a equipa moçambicana, tomando em consideração que já fazia as coisas de forma atabalhoada. Aproveitando-se dessa crise de imaginação, a selecção senegalesa chegou ao terceiro golo, passando a liderar o marcador.
Moçambique tentou, tentou, mas tentou mesmo. Porém, a história do jogo já estava escrita a tinta indelével. E, mais uma vez, o combinado nacional não conseguiu impor-se diante do Senegal. Senegal está na final do campeonato africano de futebol de praia, cujo epílogo será esta sexta-feira.
SENEGAL, O CARRASCO
O jogo das meias-finais entre Moçambique e Senegal era a reedição da final do “africano” do ano passado, cuja fase final teve lugar em Dakar. Naquela que foi a primeira participação da selecção nacional na maior prova de futebol de praia do continente africano, o combinado nacional perdeu na final diante do Senegal por 1-4.
Apesar da derrota, a selecção nacional garantiu a inédita qualificação para o mundial, prova que teve lugar na Rússia. O país exultou e a “Pátria Amada” se fez ouvir no concerto das nações.
A selecção nacional já soma três derrotas diante do Senegal, duas no CAN e uma no Torneio COSAFA. Moçambique volta a jogar esta sexta-feira, às 14.horas, o jogo de atribuição ao terceiro classificado, diante do Marrocos, adversário com o qual perdera na fase de grupos, por 1-3.
Em caso de vitória da selecção nacional, a medalha de bronze é única coisa que servirá de consolo para o país. Ora, nada que afague os corações dos moçambicanos, os quais acreditavam piamente que seria desta vez que o ouro ficaria em Moçambique.